O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO
(João Malaca Casteleiro e Pedro Dinis Correia)
Certamente que todos os que estão atentos às televisões, aos jornais, às revistas, enfim, à chamada comunicação social, já se deram conta da mudança que o português (da lusofonia) sofreu. E se as editoras dos livros, sempre mais conservadoras, foram as últimas a aderir «à moda», finalmente convenceram-se que não lhes restava outra alternativa, se bem que alguns autores continuem a pautar-se pela «velha» ortografia, fazendo ponto de honra de «este artigo, por vontade do autor, não segue as regras do Novo Acordo Ortográfico.
As mudanças nunca são unânimes. E muito se discutiu e zurziu sobre as maldades que se pretendiam praticar sobre a língua de Camões (como se já não se tivessem praticado, só quem não leu os Lusíadas poderá proferir tamanha banalidade! E era fácil ler ou perceber esse grandioso monumento das armas e dos barões assinalados?) Muitas preleções se fizeram contra e a favor, muitos debates acalorados, só, penso eu, não se pediu um estudo a entidades independentes. Também apareceram as anedotas, as comparações, os dislates...
Todavia, goste-se ou não, esteja certo ou errado, se se quiser pôr a questão nesses termos, aí estão os portugueses, grandes e pequenos, a aprender a nova grafia e, diga-se em abono da verdade, mais coerente, menos complicada. Para que nos serviam as consoantes que não pronunciávamos? Para dificultar a aprendizagem.
É de saudar. Chega de ser careta, escreva-se atual, correção, exceção, ótimo, seleção, adoção, ação, deceção...
Caiu algum português na lama. Feriram a alma portuguesa? Sentem-se menos viris? Menos talentosos?Por favor, a grandiosidade não está nas amadas consoantes que não se pronunciavam. Ou está? A mim parece-me mais que está na dívida pública de 0, todos termos trabalho remunerado decentemente, reformas com que possamos comer e pagar a renda de casa, crianças sem fome, jovens e menos jovens com futuro e vida digna.
E, quem sabe, a mudança da grafia pode representar o começo da mudança da história deste Portugal envergonhado e triste.
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