A Linguística e o ensino da língua
Ainda nos anos 1970, surge a perspectiva contrastiva, quando os linguistas passam a enfatizar a comparação lexical entre línguas, com o objetivo de descrevê-las. Nota-se que, nesse interstício, o estudo linguístico recaiu novamente sobre a palavra - e o ensino também. Eis aí o apogeu, na sala de aula, da Morfossintaxe, em detrimento da produção e leitura de textos. Isso explica a recorrência, nessa época, em estudar a classificação de estruturas morfológicas e sintagmáticas ( o que causa resquícios até hoje). A análise da língua, nesse perídod. se dava sobre a perspectiva do erro e acerto da estrutura.
O conceito de erro era visto como um desvio, e não como algo intergrante no processo de construção das competências com a língua.
No entanto, nesse ínterim, veio difundindo-se a Linguística Textual, ala de estudos que defendia o texto como unidade de análise e ensino da língua, sendo de maior influência na Alemanha dos anos 1960 e 1970, mas estabelecida no Brasil somente em 1983 a partir da publicação do livro "Linguística de texto: o que é e como se faz", escrito por Luiz Antônio Marcuschi. O deslocamento da base de estudos linguísticos foi o maior legado da linguística Textual: a mudança de olhar sobre a língua, que antes era vista pelo viés da palabra e da frase, passa a reconhecer no texto seu elemento básico de estudo.
Diante dessa viagem histórica em várias décadas do século XX, percebemos um pouco como a Linguística marcou profundamente o ensino de língua por meio de suas abordagens teóricas. Hoje as diversas orientações vigentes sobre o estudo linguístico levam o aluno a produzir textos como uma forma de se fazer entender. Percebemos a linguagem como uma atividade de natureza sócio-cognitiva, histórica e situacionalmente desenvolvida para promover a interação humana. Dess forma, as atividades de escrita, leitura e análise linguística em sala de aula devem corresponder a essa assertiva. Infelizmente, muitos professores ainda lidam com o texto atribuindo-lhe apenas o valor de instrumento avaliativo, sem expor qualquer significado na sua produção e/ou leitura. Esse, sem dúvida, é o principal motivo da falta de interesse dos alunos pelo método mecanicista e nonsense em que o texto ( ou a redação) é tratado na prática docente.
Fonte: MELO, Iran Ferreira de. As contribuições da Linguística para o ensino de língua portuguesa. Conhecimento Prático: Língua Portuguesa, edição 19, p. 3, 06 mai.2011
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