Reencontros
(Cathy Kelly)
A Golden Square, na Irlanda, é o cenário por onde se cruzam todas as personagens deste belo romance. É ali que Eleanor Levine, uma senhora elegante e idosa, psicanalista de profissão, já reformada, se vem instalar num confortável rés do chão de um dos lados da praça e da sua enorme janela observa quem por ali circula. É dali que vê a encarregada do salão de chá Titania's Palace, Rae, que trata os clientes dos quais não sabe o nome por «doçura». Megan, uma jovem atriz que se refugiou na praça em casa da tia Nora, quiropodista, por ter caído em desgraça nos meios cinematográficos por causa de uma paixão pelo ator casado com quem havia contracenado. Connie e Nick, duas irmãs que partilham o mesmo apartamento, em que Connie, com quase 40 anos desespera, de forma irónica, à procura de namorado, e Nicky, jovial e bela namora com Freddie e prepara o casamento para breve. Patsy, em cujo salão de cabeleireiro está sempre uma chávena de chá quente para ajudar a transformar o coração das clentes amarguradas.
Eleanor vem angustiada pela recente morte do marido, Ralf, cuja vida partilharam durante cinquenta anos. Encontra-se na Irlanda para visitar a terra onde nasceu, na Connemara, de onde partira com a mãe e tia, depois da morte do pai para procurarem uma vida melhor na América. Esta viagem estivera sempre nos planos dela e do marido, mas como nunca houve tempo para a fazerem juntos, ela pretende agora realizá-la também por ele. Todavia, enquanto não se decide a visitar os lugares de origem, Eleanor, da sua janela, quase como passatempo e sem dar por isso vai analisando os comportamentos das pessoas que, de uma forma ou de outra, acabarão todas por vir a fazer parte integrante da sua vida nos mais variados momentos de drama que vivem, ou que viveram.
Finalmente, Eleanor Levine parte para a Connemara. Leva uma amiga, Megan, a atriz caída em desgraça, e visita as ruínas da casa onde viveu, sentindo no coração os lugares, os sons, os campos onde se cultivavam os legumes, a turfa que servia para acender a lareira, regressando aos cuidados, às lides da mãe e do pai, à luta pela sobrevivência, aos hábitos, enfim... e termina revigorada da dor e pronta para voltar para a filha e neta que haviam ficado em Nova Iorque.
Megan, também ela, saiu beneficiada da viagem e encontra determinação para enfrentar todos os que a condenaram.
A narrativa é construída em várias épocas, mais exactamente, o tempo das lembranças e o tempo actual, existindo mesmo um livro de receitas da mãe de Eleanor Levine, que ela guarda consigo, que serviu como pretexto para a transmissão do seu legado geracional de sabedoria. Porém, não se pense que se trata de um romance de época. Longe disso! Nele se fala até da crise económica actual e das dificuldades por ela geradas.
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