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Big Brother 2010, 2011, 2012
(Vera Lúcia Franco)

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Para muitos, o som do televisor pode propiciar a falsa percepção de que se não está tão sozinho até que o sono venha. O volume significativo de dados e idéias que captamos da mídia afeta qualidade de vida, relacionamentos e tudo o que nos rodeia. A mídia, além de comunicar e distrair, também influi em princípios morais, naquilo que se acredita. Por óbvio, essa influência pode ser benéfica ou não. É certo que filmes e telenovelas trazem à tona os pré-conceitos e evidenciam atitudes antiéticas. De outra forma, lembremos que, frequentemente, celebridades funcionam como garotos-propaganda, divulgando produtos de todo o gênero, sem contar conceitos e idéias.Nos bastidores há enorme aparato industrial pressionando e moldando a opinião e atrapalhando o discernimento dos telespectadores, os quais são reduzidos a simples números. De cidadãos autônomos e capazes de emitir juízos próprios, chegamos ao ponto em que temos exigências de sobrevivência inventadas pelos meios de comunicação de massa. Temos sido guiados por estes meios. Estando seguidamente restritos a um esquema de princípios que nos é empurrado “goela abaixo”, como ser livre e conquistar autonomia? Quando nos vestimos de forma semelhante – dizemos que isso é a moda – e julgamos aqueles que se diferenciam; quando usamos produtos similares; estamos atrás de destaque social, riqueza, sucesso e comodidade. Se queremos e buscamos tudo de forma muito parecida, existem diferenças?Em ‘Violência e Psicanálise’, J. F. Costa diz que em cada momento da história a sociedade molda certos padrões psicológicos mais comuns, respondendo ao que ela precisa. Esse padrão seria a concentração de características ligadas à emoção, definidas de antemão como aceitáveis. Isso tudo desemboca numa forma de opressão que é imposta como sendo o tipo de vida, referência única para guiar-se. Seria então com uma ideologia muito íntima que se consegue fazer com que as pessoas se adaptem, facilitando controlar toda a sociedade.Sujeitando-se à uniformização, o cidadão aprisiona-se dentro de si e age como se espera ou se quer. Passa-se uma vida na aparência e, ajustando-se mais ainda a esta aparência, compreende-se menos emoções, sentimentos e o propósito existencial. Paulatinamente diminui-se o discernimento sobre quem realmente se é.George Orwell ao escrever ‘1984’, chamava atenção para o risco de migrarmos para uma sociedade ditatorial e centralizadora. Na obra fictícia, o ‘Grande Irmão’ monitorava a todos por meio de gravações de vídeo e áudio, diuturnamente, restringindo totalmente a ação livre e individual das pessoas. Mesmo essa realidade não sendo palpável ainda para muitos, é o que ocorre hoje com a extinção de princípios fundamentais da existência e do viver em substituição de bens que valorizam unicamente o consumo. Vagarosamente, em função dessa padronização das massas, perdemos a capacidade de nos sentirmos livres, de raciocinar e sentir.Visivelmente, foi em 1999 que, com a inspiração neste livro surge na nação Holandesa o reality show denominado Big Brother, inventado por uma empresa de grande porte da Europa na área de divertimento. Sua meta era conduzir os espectadores a interagir intensamente com os integrantes do programa. Como já é de conhecimento de todos, o Big Brother é uma disputa que mescla num mesmo local indivíduos de personalidade e padrão de vida distintos e que, preferencialmente, detenham um padrão físico de beleza. Pela televisão os espectadores se ligam todo dia no desfecho desse desafio, emitem opiniões a respeito do desempenho dos participantes e influenciam na decisão dos destinos do programa e dos participantes. Quem participa de um Big Brother vive algo dramático, muito semelhante com a vida dos cidadãos comuns, onde a ideologia principal é perceber de que forma as pessoas se conduzem quando estão em situação de pressão, stress social e confinadas sob monitoramente constante. Em tese, vencerá quem conseguir conquistar o público, recebendo como prêmio a fama e uma pequena fortuna.No espetáculo fica evidente como as corporações do divertimento e da distração tem capacidade de nos tirar fora de nós mesmos. Cedendo à sedução de assistir suas incoerências rotineiras, somos transportados da nossa própria existência no aqui e agora e sucumbimos presos a uma aguda apatia. Debaixo do discurso da interação, começamos a viver vidas que não são nossas, buscando solucionar nosso próprio enredo íntimo.Sem dúvida há milhares que pensam ser esta uma excelente distração, visto que por certo tempo, lhes ajuda a não pensar nos próprios problemas. Porém, durante este tempo, a existência passa e se distanciam dela para participar de algo fictício, e tão somente bem organizado.Numa vida de aparência como a nossa, as fronteiras entre o falso e o autêntico se misturam e não é fácil discernir. À exemplo dos membros dos programas do Big Brother, estamos cerceados a um sistema de princípios morais preconcebidos que nos desliga da essência real de ser. Quando o participante apresenta o esperado, conquista sucesso e projeção, em caso negativo, passará pela rejeição e será levado ao paredão.E na vida real, quem vence essa disputa? É provável que seja o mais recente padrão psicológico comum que nossa sociedade tecnológica, consumista e desumana eleger: aquele que não liga por perder toda a essência de uma vida plena e rica interiormente. Não se submeter à despersonalização das mídias é com certeza desafiador. O caminho talvez seja voltar-se para si e responder honestamente: que tipo de pessoa queremos ser, que tipo de pessoa podemos ser e que valores básicos desejamos para guiar nossa existência?



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