A História Secreta da Rede Globo
(Daniel Herz)
A Rede Globo de Televisão surgiu ilegalmente no Brasil nos anos 60, a partir de investimentos do grupo americano TIME LIFE. Uma CPI foi instaurada à época para apurar os fatos e concluiu-se, por unanimidade, que o acordo entre a Globo e TIME LIFE era ilegal. O resumo da ópera é que tudo não só acabou em ‘pizza’ como também foram feitas diversas adequações e até projeto de lei para literalmente “legalizar” a Globo, fator que favoreceu muito o seu domínio no mercado da comunicação. O motivo? A Globo surgia como um elemento de apoio à Ditadura Militar. Surge também, por exemplo, num período mais difícil da ditadura, o Jornal Nacional, noticiário que simplesmente veiculava o que queria, enquanto muitos acontecimentos dos porões da ditadura não vinham à tona pelo telejornal.É claro que tamanho favorecimento não poderia ter surgido de graça, mas sim de fortes alianças e apadrinhamentos políticos. Ninguém mais do que o falecido e conhecido político da Bahia, Antônio Carlos Magalhães era o então Ministro das Comunicações durante a época do surgimento da Globo. Seria então mera coincidência o fato de que ele detinha uma das retransmissoras da Globo?O livro narra um interessante atrito de Roberto Marinho com Leonel Brizola, que disputou as eleições para o Governo do Rio de Janeiro em 1982 pelo PDT. Desenrola-se a descrição de uma cena em que Roberto Marinho enfurecido esculacha aos berros o jornalista Luis Carlos Cabral, responsável pelo Jornalismo local da Globo porque ele teria desobedecido e veiculado o dia todo imagens e notícias de que o Brizola ganharia aquela eleição. Mas o pior não era isso e sim as ligações pouco escusas da Globo com a empresa Proconsult, responsável pela apuração daquela eleição, empresa cujos donos eram coronéis do Serviço Nacional de Informação. Houve fraude no software que apurava os resultados da eleição visando prejudicar Brizola, que aliás era um crítico contumaz do domínio exercido pela Globo. A Globo noticiava de hora em hora os resultados distorcidos das apurações das eleições.Suspeita-se até hoje de que a Globo não só estava envolvida em manipulação política e ideológica através de sua programação mas estava interferindo diretamente através de fraudes nas eleições, as quais não teriam ficado limitadas ao Rio de Janeiro mas seriam parte de um plano nacional de fraude eleitoral, detectada em pelos menos outros 5 estados (RS, SC, AL, PE, MT).A conversa do Dr. Marinho com seu funcionário indica mais do que a preocupação de um empresário com o seu negócio. Revela a determinação com que é manobrada a Globo, chamada pelo autor de fábrica de consciências e que revelaria, portanto, de forma inequívoca uma intencionalidade que é invisível para os que se relacionam com essa empresa simplesmente como espectadores. Haveria algo que só é percebido quando se olha por trás da Globo. A maior parte do que se vê e do que se ouve na Globo só adquire coerência se estivermos atentos para o sentido de tudo o que se produz lá.Haveria um sentido oculto e sua compreensão só se alcança quando se tem na mão a ficha completa de antecedentes da Globo. Analisando estes antecedentes, o papel histórico que vem sendo cumprido por esta que já era a maior empresa de comunicação do hemisfério Sul, podemos começar a entender o verdadeiro conteúdo de certa entonação de voz do então locutor Cid Moreira no Jornal Nacional, o valor real das inúmeras homenagens que o Dr. Roberto Marinho continuamente recebia, a intenção disfarçada na escolha de uma notícia. O sentido ideológico do comportamento de determinado personagem de uma novela, a significação, enfim, do modo que a Globo quer que seu público perceba a realidade. O esforço da Globo para garantir a expressão dos interesses de seus proprietários não impediria que lá mesmo se manifestasse uma série de processos difíceis de se controlar integralmente, tais como o espírito crítico dos jornalistas, radialistas e artistas, enfim, dos diversos profissionais que lá trabalham. Fosse por uma questão de mercado ou fosse pela combatividade dos profissionais, a Globo era obrigada a tolerar, ou mesmo a engolir, certas ocorrências que contrariavam a filiação ideológica de seus proprietários. Isso explicaria porque na Globo passam filmes política e ideologicamente importantes. Isso explicaria porque em certas notícias, ou até mesmo em certas novelas, surgiam momentos contraditórios. A luta por estes espaços, por mais limitados que fossem e ainda sejam, está na mira de todos os profissionais dignos e verdadeiramente comprometidos com as maiorias populares. Todas as oportunidades de lançar lenha na fogueira das contradições devia ser aproveitada. Para Daniel Herz a importância da Globo – desde 1961, quando começou a ser implantada com a intervenção do capital estrangeiro – não só é subdimensionada como também é pouco conhecida. É impressionante, segundo o autor, a indulgência, a displicência e a irresponsabilidade com que a imprensa – quase sem exceção – e também muitos pesquisadores tratam do processo de implantação da Rede Globo.Expor em detalhes esse processo é fundamental para entendermos a pressão que esse complexo corporativo exerce na implantação de tecnologias de comunicação, muitas das quais já ocorreram, como por exemplo e recentemente, a TV Digital. O que predomina na Globo é a ideologia das classes dominantes. O autor afirma em certo momento que é chegada a hora de lutar para que a Globo seja percebida sem ingenuidade, sem o respeito do senso-comum. “O povo não é bobo, abaixo a rede Globo.”
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