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À beira da Anarquia
(Robert D. Kaplan)

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Nesta transição histórica, na qual a globalização começou, mas ainda está incompleta e as relações e acordos estão confusos, a sociedade civil será mais difícil de ser mantida. Aumentando a degradação ambiental aumentam as chances de uma convulsão social. O mapa-mundi será reformulado e isso é só o começo de uma série de mudanças que estão por vir.Jornalista e correspondente de guerra, Kaplan descreve conflitos e contradições que os formadores de opiniões e os acadêmicos procuram ignorar. Algumas sociedades viverão sem ordem, sem previsibilidade, em um país sem governo, sujeito ao crime, à doença e à rapinagem.As imensas máquinas militares de estado, como a do Pentágono, serão dinossauros em extinção e que algo mais aterrador nos aguarda. Um porta-aviões ou um avião a jato não serão eficazes para milhares de guerrilhas urbanas. Apesar de avançar tecnologicamente, várias sociedades ainda estão na Antiguidade em termos políticos e muitos governos continuam corruptos e decadentes devido ao dinheiro.Sobre a violência, diz que a agressão física faz parte do ser humano. Apenas quando as pessoas alcançam certo padrão de vida é que esse traço é sufocado. Considerando-se que 95% do crescimento populacional da terra ocorrerão nas áreas mais pobres do globo, a questão não é se haverá guerra (haverá muitas), mas que tipo de guerra. Quem guerreará com quem? As guerras do futuro serão as da sobrevivência comum, agravadas em muitos casos pela escassez ambiental. Aborda a questão do governo mundial e profetiza os males que um período prolongado de paz acarreta em uma sociedade tecnologicamente avançada. Mecanismos de controle estatais não funcionando sob a tensão demográfica e ambiental, cidades-estados ou estados-favelas provavelmente emergirão.Descreve Serra Leoa, por exemplo, como microcosmo daquilo que ocorre em muitas microrregiões subdesenvolvidas: definhamento de governos centrais, emergência de domínios tribais e regionais, alastramento incontido de doenças e crescente difusão da guerra. O continente africano estaria à beira de uma convulsão fronteiriça em larga escala e o futuro da África poderá ser o da maior parte do resto do mundo. Nos países onde a democracia tem dificuldades em se consolidar, a discussão não será o regime democrático, mas a governabilidade. Em função dessa descentralização do caos e a difusão das fronteiras, existirão “centros de poder móveis”, entidades-tampão que estarão em constante deslocamento para atender necessidades de suas microrregiões. A escolha não é entre ditadores e democratas, mas entre maus ditadores e ditadores ligeiramente melhores.Num sistema político que tende demasiadamente para qualquer extremo, aguardam-no o realinhamento ou o desastre. Surgirão cada vez mais governos híbridos que mesclem autoritarismo com democracia. Africanos desejam uma vida melhor e não o direito ao voto como lhes foi dado. Não importa o nome pelo qual se conheça o governo, o que importará é se o governo funciona mesmo. Antes de criar um governo é preciso criar uma economia. Antes de convocar eleições, gerar empregos e renda, assim haverá um ambiente estável. A estabilidade social vem da existência de uma classe média e quem cria as classes médias normalmente não são os sistemas democráticos, mas, por incrível que pareça, os sistemas autoritários. Governos são determinados não pelo que humanistas liberais desejam, mas pelo que os homens de negócios necessitam. Várias revoluções democráticas fracassaram na Europa em 1848 porque o que os intelectuais queriam não era o que queriam as classes médias emergentes. Das 100 maiores economias mundiais, 51 não são países, mas corporações. As duzentas maiores corporações empregam menos de 0,75% da força de trabalho mundial, o que representa 28% da atividade econômica. As 500 maiores corporações representam 70% do comércio mundial. Corporações seriam como os domínios do feudalismo que evoluíram para nações-estados. Passarão a ser mais responsáveis para com a comunidade global e menos amorais em direção a novas formas políticas e culturais, visto que são “personalidade globais”, adotam postura multicultural e diversificada onde os indivíduos são reconhecidos ou não pelos seus próprios méritos. A força de paz mais eficaz do mundo não pertence à ONU nem às grandes potências, mas sim a uma força mercenária corporativa da África do sul que restaurou uma estabilidade relativa em Serra Leoa em 1995, reminiscência da Companhia Britânica das Índias Orientais, que recrutava exércitos para fins claramente econômicos. Assim é que os domínios da política vão se encolher e a situação passa a ser quem têm poder (empresas) e quem não tem poder.O aumento do poder corporativo ocorre com maior rapidez à medida que as massas se tornam indiferentes e a elite se torna menos suscetível à punição. Bens materiais não apenas focalizam as pessoas para a vida privada e o afastam da vida em sociedade, mas encorajam a docilidade. O escravo seria quem está preocupado em encher a barriga ou... que está preocupado em salvaguardar seus bens. A prosperidade material criaria servilidade e afastamento, transformando as pessoas em ovelhas trabalhadeiras.Não faz apologia à guerra, mas diz que ela, muito mais que a paz, é igualadora e fomentadora da mudança social. A guerra leva ao respeito por um governo grande e progressista, a paz cria um vácuo institucional preenchido por, entre outras coisas, corporações do entretenimento. Um exército inoperante provavelmente resultará em um aumento na violência e na atividade de gangues. A idéia de que um mundo em paz significará menos violência é ingênua. A verdadeira paz, imaginada por muitos, somente é alcançável através de uma forma de tirania, por mais sutil e branda que seja.



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