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As abordagens críticas e não-críticas em análise do discurso
(A leitora)

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O artigo pretende tratar acerca do objeto da Análise do Discurso, a partir de suas possibilidades críticas e não-críticas de abordagem, com o estabelecimento de diferenças existentes entre as duas concepções discursivas, além de esclarecer a respeito do propósito de atuação e expectativas de estudos da vertente de análise crítica do discurso na contemporaneidade, em razão da significativa demanda de investigações de cunho teórico e prático destinadas a estudos nessa área.
Para iniciar a questão proposta sobre a Análise do Discurso nas perspectivas apontadas e com o intuito de melhor elucidar sobre o conceito do que viria a ser discurso, foram consideradas as definições estabelecidas por teóricos e estudiosos da área como Emília Pedro, Foucault e Bakhtin.
Além das definições conceituais, foi realizada uma retomada do percurso tomado pela análise do discurso, em que foram expostas para exame, algumas importantes colaborações teóricas que fundamentaram e ainda direcionam toda a trajetória de trabalhos analíticos do discurso desde a sua origem, com a retórica de Aristóteles, que preconizava a argumentação da época determinada pelos elementos de retórica e de persuasão em contextos público, passando pela teoria dos formalistas russos, estruturalistas, Tagmêmica de Pike contribuindo para a percepção do texto como unidade de análise até a atual vertente de análise discursiva francesa.
No que diz respeito ao estabelecimento das diferenças existentes entre as duas vertentes de análise discursivas crítica e não-crítica, foram postos alguns pontos de vista de representantes das respectivas correntes da Análise do discurso, partindo-se da principal diferença que versa sobre a forma como o sujeito é percebido no processo da análise. Para a tendência crítica do discurso, a concepção do sujeito consiste em fazer deste elemento do processo discursivo, não mais um agente, mas um elemento que é constituído e construtor desse processo na qualidade ideológica de ator.
A partir da compreensão e concepção de dimensão ideológica do sujeito, surgem as primeiras manifestações da perspectiva de análise crítica do discurso, que para abarcar essa nova tendência social e política de observação discursiva, precisa aliar os estudos de análise textual com os da teoria social da linguagem, pois, nesse momento, o contexto social norteado pela dimensão de cunho ideológico será o centro para a abordagem da análise crítica do discurso.
Com relação às vertentes da tendência crítica de análise do discurso, por não haver significativas contribuições de publicações teóricas introdutórias até o momento com relação a essa concepção discursiva, coube um breve registro das investigações lingüísticas nesse sentido. Alguns estudos na área da linguagem foram fundamentais para o delineamento do propósito da abordagem crítica, como os de origem anglo-saxã que ultrapassaram a possibilidade de análise da língua a um patamar que permitisse que essa língua pudesse alcançar um nível de análise que considerasse a interação, pois até aquele momento o elemento texto era percebido e compreendido desatrelado do contexto social. Para a ADC essa inclusão do elemento social na análise discursiva permite a identificação de atuação dos processos sociais no âmbito do discurso.
Quanto aos objetivos da análise crítica do discurso, tem-se que esta forma de abordagem discursiva privilegia a linguagem em sua função sócio-ideológica, além das ponderações acerca das relações de poder, dominação e resistência discursiva. Dessa forma, a ADC pretende a investigação das situações discursivas e análise das questões sócio-cognitivas envolvidas no processo do discurso de resistência à dominação estabelecida.
Para a ADC, é na linguagem que são constituídos os formadores de ideologias que por sua vez, identificam socialmente o sujeito do discurso. Dessa maneira, a linguagem vinculada às práticas sociais ocupa uma posição fundamental na produção e reprodução de práticas sociais, assumindo, assim, um caráter ativo de atuação no processo de análise discursiva crítica.
A transposição e ampliação dos limites discursivos verbais a outras formas de representação comunicativa consistem, no contexto atual, na essência dos estudos empreendidos no âmbito do discurso crítico.
Segundo o teórico Kress, as barreiras de estabelecimento de comunicação verbal devem ser extrapoladas e os outros aspectos, além dos estritamente textuais, devem ser considerados no processo de análise crítica do discurso, para que ocorra um estudo discursivo comprometido com a sua função política, ideológica, ética e cultural.
Para Van Dijk, essa ruptura dos limites dos estudos crítico-discursivo para além das fronteiras textuais restritas apenas aos elementos específicos de sua constituição, é necessária e possível para que a análise crítica do discurso aconteça de maneira condizente com a proposta de interação e ação social.
Com relação às novas perspectivas de estudos da vertente de análise crítica do discurso, serão de fato significativos aqueles que se propuserem a influenciar na transformação da prática social. Para isso, ADC deve ser direcionada para cumprir o seu papel social de explicar as relações de poder e a da ideologia do discurso analisado, no sentido de proporcionar uma autonomia aos elementos envolvidos no processo discursivo, para que se possa reincidir com as relações de poder estabelecidas que determinam as relações discursivas.
Portanto, a partir do estabelecimento de uma abordagem analítica discursiva crítica que considere o aspecto da ideologia e a sua importância na prática discursiva para a transformação da prática social, é possível transformar a condição do sujeito no processo discursivo, pois, de acordo com o mencionado por Fairclough (1992), o discurso é de natureza ideológica e está intrinsecamente relacionado à posição do sujeito na sociedade, por isso constituído socialmente pelas duas práticas, a discursiva e a social.



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