A Trilha da Pantera Cor-de-Rosa
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Comédia, sexto filme da série com o Inspetor Clouseau e último com o ator Peter Sellers. Quando, pela terceira vez, o maior diamante do mundo, a Pantera Cor-de-Rosa, é roubado, o governo de Lugash, no Oriente Médio, solicita à França o envio de seu mais valoroso policial, o Inspetor-Chefe Jacques Clouseau, para mais uma vez encontrar a pedra. Para desgosto de seu superior, o Inspetor Charles Dreyfus, Clouseau assume o caso ciente de tratar-se de nova ação do criminoso conhecido por O Fantasma, disfarce do milionário Charles Lytton, a quem perseguira no passado. Em Lugash, ao saber que o prêmio do seguro do diamante já havia sido entregue, o coronel-presidente Sandover Haleesh planeja impedir a qualquer custo que a pedra seja encontrada. Quando Clouseu parte para a Inglaterra à procura de Lytton, no entanto, o avião em que se encontrava desaparece no mar, e o inspetor é dado como morto. Para solucionar o mistério do desaparecimento do mais importante policial da França, entra em cena então a repórter Marie Jouvet, que irá entrevistar não apenas os amigos e os inimigos do inspetor, mas até mesmo o seu pai.A série A Pantera Cor-de-Rosa deve sua longevidade, mais do que qualquer outra coisa, à teimosia de Blake Edwards. Aos trancos e barrancos, com surtos oscilantes de inspiração e a presença de um gênio da comédia, o fabuloso Peter Sellers, encabeçando cada filme, o produtor-diretor-autor Edwards foi acrescentando títulos e ultrapassando décadas seguindo uma fórmula que pouco mudou desde sua origem, no já distante ano de 1964. Com a morte de Sellers, julgou-se que a série encerraria suas atividades e que o Inspetor Jacques Clouseau ("Inspetor-Chefe!", ele teria corrigido) poderia enfim se aposentar e curtir um merecido descanso depois de sofrer tantas quedas, atentados e perseguições.Ledo engano. Dois anos após a morte de seu protagonista, eis que a série retorna não com um, mas dois filmes de uma vez. O primeiro é este A Trilha da Pantera Cor-de-Rosa (Trail of the Pink Panther, Inglaterra/EUA, 1982), homenagem que Edwards fez a Sellers construindo uma trama onde pudesse inserir todo o material inédito que sobrou dos outros cinco filmes, e ainda reprisar os melhores momentos de Clouseau, em "flash backs" e numa coletânea exibida durante os créditos finais. O outro, A Maldição da Pantera Cor-de-Rosa, foi realizado simultaneamente a este (é inclusive anunciado ao final) e inseriu, sem sucesso, um novo protagonista cômico. Haveria ainda, em 1993, um O Filho da Pantera Cor-de-Rosa, em que o comediante italiano Roberto Benigni viveria o filho do Inspetor Clouseau, e, em 2003, a série seria reiniciada, com Steve Martin vivendo o próprio inspetor. Este A Trilha... custou a Edwards um processo movido pela família de Peter Sellers, que considerou "mórbida e desrespeitosa" a homenagem promovida pelo diretor. Exageros à parte, se era para homenagear, melhor seria que fizessem um documentário. Por mais que seja delicioso rever os personagens Cato, Hercule, Lytton e a ex-Sra. Clouseau, Simone (todos interpretados pelos atores originais, inclusive David Niven e Capucine), o esforço do roteiro em criar cenas engraçadas mostrando a infância e a família de Jacques Clouseau não vão além da curiosidade, confirmando que era Peter Sellers quem dava a graça a cenas semelhantes, por mais que fossem previsíveis. A ausência do ator, gritante, termina deixando no espectador um gosto que não é dos mais saborosos.Dos bons momentos originais deste filme, registre-se quase toda a sua primeira metade, antes de Clouseau desaparecer. Disfarçado sob uma camada de curativos e com a perna engessada, Sellers transforma em completo desastre uma simples ida ao banheiro do avião, da mesma forma que, para acender um cachimbo, quase provoca um incêndio em sua sala na Sûreté Nationale. Cenas como esta, mais o diálogo na recepção do hotel (com a confusão dos termos "mensagem" com "massagem"), mostra mais uma vez o quanto Sellers era insubstituível, e o quanto é sem sentido a investigação criada para justificar a segunda metade do filme. Não se pode deixar de lembrar, no entanto, o outro grande ator dessa série, presente desde Um Tiro no Escuro, e cujo personagem foi crescendo em importância graças a seu talento: como Charles Dreyfus, o ex-chefe de polícia que enlouquece por causa das trapalhadas de Clouseau, Herbert Lom é magnífico tanto contracenando com Sellers, quanto sozinho. Aqui, os diálogos com o psiquiatra (ilustrando com letras de músicas o ódio pelo rival) e o sonho do mergulho em 1.500kg de gelatina são hilariantes. Se era para continuar a série mesmo sem o protagonista, deveria Blake Edwards investir nesse personagem. Bastaria criar um "A Sombra da Pantera Cor-de-Rosa" mostrando toda a paranóia de Dreyfus resolvendo um caso qualquer e enxergando Clouseau por toda a parte.
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