Resenha - Filme "Country Strong" (Onde o Amor Está)
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O que se pode tirar de um filme como “Country Strong”? Particularmente, acho difícil tirar algo de sua história. Este longa protagonizado por Gwyneth Paltrow pode ser sumariamente definido como um romance onde quatro personagens se envolvem em um quadrado amoroso mal resolvido. Mas não seria “Country Strong” um retrato sobre a fama? Sobre uma figura da música country? Um superficial - e até convencional -, sim. E é basicamente isso que o filme nos oferece. É verdade que a narrativa do filme não se entrega a caminhos claramente óbvios, mas tampouco surpreendentes, já que seu roteiro nunca se dispõe a explorar o que seria pertinente e interessante, deixando toda sua trama e seus personagens inertes na superfície. Gwyneth Paltrow, encarnando uma cantora de country de grande sucesso, porém atualmente em baixa devido à perda de seu bebê em um show em Dallas, consequência de seu alcoolismo (o que a levou para a reabilitação), faz um trabalho competente, mas não tem a oportunidade de surpreender, já que sua personagem, Kelly, jamais atravessa o arquétipo da estrela em crise, e quando não age como uma estrela instável e por vezes irritante, tem seus momentos mais dramáticos e “profundos” quando se envolve com falas sobre amor, sucesso; quando se mostrar incapaz de executar uma performance durante um show lotado; ou quando canta para um garotinho, seu fã, com leucemia. Ou seja: nada que denote algum esforço dos roteiristas para dramatizar Kelly além do convencional e do superficial. Parte desta falta de esforço e aprofundamento dos roteiristas também reflete em outros personagens. Suas fraquezas nunca são exploradas com seriedade, embora todas surjam em determinados momentos, porém desaparecem ao não serem mais revisitadas, ou “resolvidas” de maneiras... Bem, apenas serem resolvidas de alguma forma. A personagem de Leighton Meester, por exemplo, se apresenta no início da trama para um público consideravelmente pequeno, em um bar qualquer, e não consegue desempenhar sua música, sendo consumida pelo medo, que logo passa quando, em uma cena bastante típica, o personagem boa pinta de Garrett Hedlund resolve subir ao palco e ajudá-la a vencer seu medo. Logo depois disso, a cantora em ascensão já consegue enfrentar uma platéia gigantesca e executar uma competente performance, sendo rapidamente considerada pela imprensa uma das promessas da música country. Semelhante irregularidade na escrita dos personagens acontece quando Kelly, ao ter uma recaída repentina causada por um presente provocativo que recebe e que a faz lembrar de seu bebê perdido, rapidamente aparece consumindo álcool - algo que é feito sem muito alarde, considerando o destaque dado anteriormente ao fato dela estar capacitada para deixar a reabilitação e sóbria, e que tampouco compele os demais personagens a tomarem atitudes sobre isso; eles, especialmente seu marido, James, apenas acumpliciam sua volta ao álcool para manterem viva sua turnê altamente esperada por seus fãs. E não é uma surpresa que as atitudes de seu marido, que se revelam sempre em prol de sua relação com Kelly, mesmo sabendo de sua infidelidade conjugal e instabilidade emocional, também não são devidamente exploradas - o que seria de grande pertinência, já que isso permitiria com que o filme estudasse mais os interesses por traz da persistência e conformismo de James. (Afinal, ele fazia tudo isso porque amava Kelly ou porque simplesmente não poderia abrir mão de uma estrela que o gerava lucros?). Dispondo de praticamente toda sua narrativa para trabalhar em cima do quadrado amoroso que rapidamente se forma na trama, “Country Strong” nunca consegue decolar; ficamos a maior parte da projeção tentando descobrir o que se passa na cabeça do personagem de Hedlund e de quem ele gosta, afinal - o que também desvia toda a atenção principal do filme para outros personagens que não a de Paltrow. O amor e o sucesso são trazidos à tona sempre que é conveniente, e o filme se encerra com um clímax forçadamente trágico - e esperado - que definitivamente deixa o amor como resposta de tudo; sem, no entanto, se empenhar em maiores meditações sobre ele ou sobre a fama, ou sobre como os dois não podem viver no mesmo lugar (palavras de Kelly). E é por isso que, mais uma vez, cabe a pergunta: o que se pode tirar de um filme como “Country Strong”?
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