Resenha - Filme "Hugh Hefner: Playboy, Ativista e Rebelde"
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O estilo de vida peculiar que Hugh Hefner mantém e sempre manteve é frequentemente visto como cômico, ridículo e extravagante em excesso - especialmente por já ser uma personalidade de idade avançada, o que misteriosamente reforça sua “ridiculez” para muitas pessoas. “Hugh Hefner: Playboy, Activist and Rebel” é um documentário revelador e totalmente em prol de Hefner, e se beneficia por tratar de fatos inegáveis e contribuições atestáveis do famigerado dono da Playboy para a sociedade americana - e por via de reflexo, para muitas outras -, sendo o principal responsável pela quebra de gelo de costumes puritanos que repreendiam o comportamento sexual livre (incluindo aí o homossexualismo), além de também ter colaborado insistentemente para a integração dos negros no meio do entretenimento (em uma época em que a segregação racial era imponente), bem como advogado pelos direitos femininos. Com toda essa benevolência, Hugh Hefner pode até ser considerado um Deus, e por mais que a canonização de sua figura não passe batida durante o filme, a narrativa aqui abre espaço para as principais polêmicas e contestações morais ao trabalho de Hugh com o erotismo gráfico feminino. Dessa forma, o documentário não só desenvolve uma história linear - embora não siga à risca sua linha do tempo - eficiente e reveladora, como também nos permite analisar argumentos a favor e contra o que Hefner sempre fez. Mas o dono da Playboy acaba prevalecendo como uma figura cuja importância vai muito além da mera pornografia; e é divertido ver como seus argumentos suplantam facilmente as habituais controvérsias jogadas contra ele: de que sua revista faz das mulheres (coelhinhas) objetos sexuais, as tratando como animais. Hugh diz que, excetuando o animal, sobram apenas o vegetal e o mineral; um comentário engraçado mas de efeito e razão; Hefner não nega que mulheres (e homens) são animais, e que são objetos sexuais, porém tampouco nega a significância maior das mulheres e como estas são, assim como negros e homossexuais, iguais perante qualquer outra pessoa. Ressaltando isso, a narrativa do filme faz questão de resgatar imagens preciosas dos programas de tevê apresentados por Hugh durante os anos cinquenta, sessenta e setenta, que se destacavam não apenas pelo formato e conteúdo original e de valor cultural relevante, mas também pela integração constante de figuras negras no show, entoando suas canções e apresentando suas comédias em rede nacional - coisa que era raríssima e vista com grande preconceito por boa parte da sociedade ainda conformada com a segregação. Mesmo com duas horas de duração, “Hugh Hefner: Playboy, Activist and Rebel” ainda parece pequeno demais para comportar todas as passagens e aspectos da vida de seu protagonista, mas acertadamente sabe garimpar o que tinha de mais relevante e pertinente na vida de Hefner e assim construir uma trama envolvente e abrangente, bem como abordar rapidamente, mesmo que para isso tenha que abandonar sua linha do tempo, outras aparências da vida de Hugh (como sua paixão pelo cinema e sua vida pré-Playboy, que é rapidamente resumida, para que logo acompanhemos o que realmente interessa: sua vida dentro de seu trabalho, ou seu trabalho dentro de sua vida, como seja, já que Hugh era um viciado em trabalho, mas que mais parecia ser um ideal de vida prazeroso para ele do que um simples ofício). Hugh Hefner fez tudo o que fez por amor, e mesmo que seja impossível acreditar que suas inúmeras namoradas sentem por ele o mesmo que ele sente por elas, ele pelo menos recebe em troca uma quantidade imensurável de afeto, não amor - o que parece ser bastante para satisfazê-lo a tal ponto de estimulá-lo a semear sua filosofia controversa que liberta e libertou tantos das repressões e preconceitos sociais. Ele é um homem que, segundo ele próprio, sempre esteve apaixonado por alguém, e só isso já é o suficiente para admirá-lo.
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