O Profeta
(Gibran Kahlil Gibran)
O Profeta
Gibran Kahlil Gibran
O Profeta, por si, é uma filosofia de vida. E seu autor, Gibran, um filosofo no sentido humano de se fazer filosofia.
Ele não trouxe ao mundo uma nova doutrina, mas ensinou o homem a ter fé em si mesmo e na vida.
Al-Mustafa, o Bem-Amado, esperou por doze anos o regresso de seu navio na cidade de Orphalese. E, ao sétimo dia e Ailul, o mês da colheita, do décimo segundo ano, deparou com o navio chegando com a névoa.
Então, as portas do seu coração abriram-se, e sua alegria voou longe, sobre o mar. E, fechando os olhos, orou no silencio de sua alma.
Almitra, vidente, saiu do santuário ao seu encontro. Ela fora a primeira a procurá-lo e a crer nele pós sua chegada. E Almitra o pediu que falasse do amor.
Quando o amor vos chamar segue-o;
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;
E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe;
Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos...
E quando ele vos falar, acreditai nele...
Pois da mesma forma que o amor vos coroa, assim ele vos crucifica.
Al-Mustafa falou ainda do matrimonio, dos filhos, da dádiva, do comer e do beber, do trabalho... o trabalho é o amor feito visível... ; falou da alegria e da tristeza, das habitações, das roupas, doas compras e vendas, do crime e do castigo, das leis, da liberdade, da razão e da paixão, da dor, do conhecimento em si próprio, do ensino, da amizade, da conversação, do tempo, do bem e do mal, da prece, do prazer, da beleza, da religião e da morte.
Adeus, povo de Orphalese,
O dia já se foi,
E está cerrando sobre nós como o nenúfar se cessar sobre seu próprio amanha.
Somente Almitra permaneceu silenciosa, até não pode mais fixar o navio que desapareceu no nevoeiro. Em seu coração, as ultimas palavras de Al-Mustafa.
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