Gramática da Língua Portuguesa Gramática do Texto e Análise do discurs
(Mário Vilela)
3. Gramática do texto e análise do discurso
3.1 Definição de discurso e de texto
O texto faz a distinção entre os termos discurso e texto.
O discurso é a “interação verbal humana”, que apoia-se na sua forma oral por elementos extra-verbais e paralinguístico. No seu sentido usual o discurso pode ser “tanto uma produção, como um modo de falar, a ideologia, ou até mesmo a maneira de actuar de alguém.”
Por outro lado, o texto tem como critério essencial a escrituralidade. No cotidiano o uso da palavra texto não ocorre de modo uniforme designando-se como “qualquer sequência ordenada de palavras, uma sequência consequente de notas musicais, uma obra completa (…)”, podendo ser classificadas como: narrativo, dramático, poético, etc.
Porém, a exigência da escrituralidade tem sido discutida pois a história da palavra texto não aponta para este critério: “TEXTERE [fazer] ‘renda’, ‘bordado’, ‘tecido’”, no entanto como nos foi trazido pela literatura aparece ligada ao texto escrito. Na literatura especializada há as seguintes distinções, onde o discurso e o texto se misturam: texto oral vs. texto escrito; texto monofrásico vs. texto plurifrásico; texto monológico vs. texto dialógico; texto apenas linguístico vs. texto misto. Ao considerarmos texto como um suporte a uma estrutura semântica fechada, têm-se o texto. Mas, se for empregue [?] como um achto de fala, um acto de comunicação ou um macro-acto de fala, falar-se-á em discurso.
O discurso e o texto podem assumir as mais variadas formas – “um leitreiro, instruções para uso de uma máquina, qualquer tipo de conversa” – tendo também diferentes tipos de análise – “análise do discurso, gramática de texto, semântica, pragmática e semiótica.”
A função principal do discurso é a comunicativa que transmite um conteúdo por meio de palavras e frases, passando por determinados parâmetros aferidores que são segundo Brown e Yule: o aspecto transaccional: comunicação como transmissão de informação unidireccional; e o aspecto interacional: considera a comunicação como o suporte da manutenção da relação de cção e reacção entre os falantes. Qualquer discurso e qualquer texto tem essas duas vertentes.
3.2 Discurso escrito e discurso falado
O autor do texto, a partir da agora, designa texto como discurso escrito e discurso como discurso falado.
Tanto discurso como texto apresentam diferenças:
Texto Discurso
Estruturas complexas, planeadas, reformuladas, com subordinações, com uma versão definitiva, incluindo as correções; rigor lógico, simetrias, isotopias (através da associação de palavras). Estruturas frásicas simples, repetidas, icompletas que predomina o espontâneo, a simultaneidade pensamento-produção linguística, com o uso de expressões expletivas; coordenação, estrutura tópico-comentário, isotopias (através de elementos paralinguísticos).
A harmonia e a isotopia textuais são instauradas através da capacidade evocativa e associativa das palavras e sua sequencialização e a valorização da pontuação. Há a sobrevalorização dos elementos suprasegmentais4 – pontuação, entoação, ritmo – em detrimento dos extra-verbais. A entoação no discurso assume parte da responsabilidade de construir o fio do discurso. Já os elementos paralinguísticos como os gestos faciais, o olhar, os movimentos da mão “ajudam a homogeneizar a heterogeneidade do discurso oral.”
Distanciamento: colmatação da distância com sinais de pontuação e com a explicação contextual. Proximidade: aproveitamento do paralinguístico e do prosódico.
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