O Pequeno Polegar
(Charles Perrault)
Havia um casal de camponeses muito pobres, com sete filhos para criar. O filho caçula nasceu tão franzino, que foi sorte sobreviver. Era tão pequeno que ganhou o apelido de Pequeno Polegar. Apesar do tamanho era um garoto muito esperto e inteligente.
Naquele tempo, houve na Europa uma grande fome, que se espalhava por todas as cidades. Não havia alimentos para todos. As panelas estavam vazias.
O pai das crianças, sabendo que todas morreriam de fome se ficassem em casa, resolveu levá-los para a floresta. Talvez encontrassem coisas para se alimentar e sobreviver.
A mãe chorou muito, mas concordou em não contar nada para os filhos, para que não se desesperassem. Preparou um lanchinho para cada um (o último que tinham), e todos partiram pela manhã, como se fossem passear na floresta.
Depois de estarem todos cansados de andar, os pais foram se afastando, sem que as crianças percebessem.
O Pequeno Polegar foi o primeiro a reparar que os pais haviam sumido. Tentaram procurar, mas se descobriram perdidos e abandonados.
A noite foi chegando e as crianças tinham medo dos lobos e morcegos que faziam ruídos assustadores em volta.
Um dos irmãos subiu na árvore mais alta para procurar um abrigo para a noite. Todos se alegraram quando ele disse ter visto a torre de um castelo ao longe.
Caminharam rapidamente, pensando achar um castelo acolhedor, com um rei e uma rainha ricos e bondosos para dividir abrigo e alimento com eles.
Não era bem isso, mas todo o resto era apenas a floresta perigosa, e eles não queriam ser devorados. Então bateram à porta assim mesmo.
A dona da casa abriu a porta e recebeu aquelas crianças abandonadas e famintas com todo seu carinho, mesmo preocupada que o marido pudesse chegar a qualquer momento. Trouxe bastante comida, que ali não parecia faltar. Todos ficaram satisfeitos e comeram a se fartar.
Ouvindo um barulho a mulher percebeu que era o marido que chegava e correu para esconder as crianças embaixo da cama do casal.
Não adiantou nada, pois o ogro malvado que era seu marido sentiu o cheiro das crianças e prometeu que as comeria no jantar.
A mulher pediu que ele esperasse um pouco mais, pois o jantar maravilhoso de hoje já estava pronto, e tinha todos os pratos especiais que ele adorava.
Então o ogro mandou que fossem se deitar na cama ao lado da cama de suas sete filhas que dormiam todas juntas com suas coroas na cabeça.
Logo que os meninos se retiraram, ele rosnou que iria degolar cada um deles à noite. E ficou sentado esperando que dormissem.
Polegar, chegando com os irmãos ao quarto, viu as meninas dormindo no escuro com suas coroinhas e ficou pensando em uma idéia para escapar.
Quando todos dormiram, trocou os chapéus de seus irmãos, e o seu também, pelas coroas das meninas, e foi se deitar bem quietinho.
Quando o ogro chegou, foi direto para a cama dos meninos, mas pondo a mão nas cabecinhas, sentiu as coroas, e assim foi para a outra cama. Degolou todas as crianças que tinham chapéu na cabeça.
Assim que o ogro saiu, Polegar acordou seus irmãos para fugirem dali. Desceram pela escada de mansinho mas ao tocarem na maçaneta da porta, para assombro de todos, ela falou:
- Tenho ordens de avisar ao patrão sempre que tentam entrar ou sair por mim, mas desta vez vou desobedecer aquele malvado. O único problema é que vocês não vão escapar quando ele calçar suas botas de sete léguas e for atrás de vocês. Seus pés ficam os mais rápidos do mundo!
O Pequeno Polegar notou as enormes botas encantadas ao lado da porta, e resolveu calçar assim mesmo, com a maçaneta prendendo a gargalhada com o ridículo do seu tamanho junto ao da bota.
Mas como era uma bota encantada, se ajustou perfeitamente ao seu tamanho assim que calçou em seus pequeninos pés. Com elas, ajudou seus irmãos a voltarem para casa, mas não quis ficar. Despediu-se deles, e disparou para o castelo real.
Lá chegando, disse que era o correio mais rápido do reino, e gostaria de provar sua capacidade ao rei.
Nos primeiros dias, levava apenas mensagens sem importância, mas ele era mesmo tão veloz e tão correto, que acabou conquistando a confiança do rei. Logo estava sendo o responsável pela entrega das mensagens mais importantes, até mesmo as de guerra.
Tudo chegava voando pelas mãos dele, com a ajuda da bota mágica. Assim, o Pequeno Polegar foi ganhando e juntando muito dinheiro.
Um dia, ele achou que era hora de voltar para casa, e levar dinheiro para sua família nunca mais sentir fome. E foi assim que aquela pobre família viveu rica e feliz para sempre.
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