A GUERRA QUE VOCÊ NÃO VÊ
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Somos todos (ou quase todos para não ofender) televisa-ó-dependentes e perdoem-me pela invenção do termo. Sem televisão não existimos. Podemos, por qualquer razão, dispensar o sofá e sentamo-nos numa cadeira, mas sem o aparelhinho, digital ou antigo, isso é que não. Ali estão as notícias todas desde as 7 da manhã às 00.00 h. Tudo sempre acabadinho de chegar, fresco que nem uma alface, bem explicadinho, a cores e ao vivo: tudo sobre a miséria das finanças portuguesas, todos os avisos sobre os sacrifícios que esperam os portugueses, as desgraças que nos acontecerão se não nos portarmos bem, e por bom comportamento, entenda-se nada de ajuntamentos irresponsáveis, nada de protestos, aceitar com boa cara todo o aumento de preços, a subida do desemprego, a subida dos impostos, o aumento de todas as taxas moderadoras, a diminuição do Estado social, a diminuição do subsídio de desemprego... porque, se não, bancarrota, saída do euro e adeus Europa, rua do clube. E nós em frente do televisor ficamos transidos de medo. A seguir, somos informados dos assaltos, dos mortos e dos feridos, dos acidentes, com mais mortos e feridos, das violações de crianças, bandidos... ladrões... e ficamos ainda mais transidos de medo, com medo de andar na rua e abrir a porta e seja lá do que for. Depois faz-se o ponto da situação dos atentados terroristas, dos combates na Líbia, do Afeganistão, e mais mortos e feridos... e a nossa tristeza e medo não param de subir de nível. E eles, através da televisão, manipulam cada vez mais as nossas emoções. Ou seja: sabemos o que eles querem que nós saibamos e doseado de forma exemplar. Pelo caminho, não se esquecem das epidemias, do E. Coli e por aí abaixo. E o mundo é o MEDO, a DESGRAÇA... e pergunto eu, como pergunta o autor do texto publicado no blogue Amor por Gaia, na rubrica Projetor de Luz, que até retirou o filme, se no mundo não há coisas boas, se Portugal não tem coisas boas, como gente que em várias instituições se dedicam à prática do AMOR e não do medo? Porque não é ele notícia? Ou por coisas fantásticas entende-se só o CR7 (Cristiano Ronaldo) ou o Especial One (José Mourinho)?
É por isso, meus caros, que não podemos viver sem o mundo fantástico das telenovelas.´Pelo menos, ali ganham os bons depois de muito se esforçarem. Haja paciência!
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