O PROCESSO DE APRENDER NA ALFABETIZAÇÃO
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De acordo com CÓCCO, 1996, p.34: “A alfabetização, no contexto teórico do desenvolvimento cognitivo, perde sua relevância como instrumento privilegiado na pré-escola, pois ler é apenas desenvolver formas de representação da fala, do desenho, da imitação, dos signos... A alfabetização, neste sentido, tem inicio ao nascer e organiza-se em sua forma socialmente reconhecida com a aquisição de instrumentos lógicos do pensamento por volta dos seis ou sete anos”.
Considerando que o ato de se alfabetizar é resultado de todo um conjunto interligado várias etapas de um processo que implicam em uma fusão da psique e da motricidade. Dessa forma, alfabetizar-se não é só escrever ou ler, sua função vai muito mais além dessas coisas.
É necessário separar dois tipos de alfabetização. Primeiro, um mecanismo aprendido de decodificação de signos, algumas vezes meramente decorados, cujo mecanismo aprendido não implica uma função de compreensão do texto ou uma aplicação social deste instrumento. Menos ainda tem qualquer relação com a inteligência propriamente dita. Às vezes a criança aprende precocemente este tipo de leitura e sob pressão dos pais e mesmo professores, segue à primeira série sem ter, contudo, a capacidade operatória para resolver problemas ligados à matemática, por exemplo. A criança pode adquirir neste momento uma insegurança e um sentimento de incapacidade que pode perdurar por toda a vida escolar.
Segundo MICOTTI, 1998, p.83: “A alfabetização pode ser a descoberta do código escrito como representação do código verbal/auditivo com compreensão do texto (instrumento lógico) e função social de comunicação. Para esta alfabetização é necessário considerar os aspectos gerais da cognição que terão maior relevância que os unicamente relativos à leitura dos signos (palavras) de forma mecânica. Este modelo de alfabetização há de considerar o desenvolvimento cognitivo, das estruturas matemáticas, concomitantes aos aspectos representativos e figurativos. Desta forma de alfabetizar produz-se o leitor e o individuo mais global capaz de avançar nas diferentes áreas do conhecimento”.
Este segundo tipo é o que emerge do desenvolvimento da fala, das funções de representação, do amadurecimento das estruturas cognitivas e efetivas do desenvolvimento. Constitui aquisição que se prolonga e constrói sua totalidade no próprio tempo e no uso deste novo instrumento (ampliação das leituras e da escrita).
Assim, o processo de aprender na alfabetização é uma forma continua de aquisição de um código, um código dinâmico e que se desenvolve lado a lado de outras estruturas do pensamento, tão ou mais importantes que esta. A alfabetização deve ser um processo de descoberta numa dialética de experimentação, como são os todos os demais elementos que permeiam a natureza e a sociedade.
Por fim, a alfabetização varia de criança para criança e não tem a menor relação com maior ou menor grau de inteligência. Deve-se priorizar a relação posterior com a leitura ao invés da precocidade no desvendar o código escrito. Aspectos afetivos podem ser determinantes tanto para a primeira forma de alfabetização (pressão) quanto para a segunda (equilíbrio afetivo).
Não se pode negar que aspectos emocionais e motores envolvidos neste momento da vida de criança são básicos para serem acompanhados pela escola. As pressões vêm das famílias, das competições sociais e dos próprios educadores pressionados que estão pelo corpo social. É necessário se estar com bastante firmeza dos objetivos para conduzir este processo.
Referências Bibliograficas:
CÓCCO, Maria Fernandes. Didática da alfabetização. São Paulo, FTD, 1996.
MICOTTI, Maria Cecília de Oliveira, Piaget e o processo de alfabetização. São Paulo, pioneira, 1980.
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