A CONSTRUÇAO DA ESCRITA E DA LEITURA
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De acordo com LIMA, 2003, p. 160: “Alfabetizar não se trata de um enfoque meramente propedêutico à escola fundamental, no entanto, delimita um período de socialização e de educação que tem sua própria razão de ser, com atividades especificas e planos de trabalho correspondentes, conforme a faixa de atuação de suas etapas: creches, para crianças de zero a três anos de idade e pré-escolas, para crianças de quatro a seis anos”. Assim a LDB cumpre um mandamento da Constituição do Brasil que corresponde a um enorme avanço no sistema educacional do País.
Alfabetizar na concepção da palavra significa o ato de ensinar a ler e escrever. No entanto esta ação de juntar códigos o qual denominamos letras e após anexá-los tentar entender os seus significados não é tão simples assim. O processo de se alfabetizar requer todo um enredo cognitivo que vai muito além do simples fato da leitura e da escrita. Estar alfabetizado é entrar em contato com o Cosmos e passar a decifrar enigmas que antes representavam a escuridão.
O grego Platão ao formular uma teoria dualista que separava o corpo (ou coisas) da alma (ou idéias). Assim estava criando a doutrina das reminiscências. A alma está sujeita à metempsicose e guarda lembranças das idéias contempladas no plano anterior que, pela percepção voltam à consciência. Desta forma, a aprendizagem é uma lembrança e foi em cima de tal argumento que o filosofo elaborou o mito da caverna. As trevas metaforicamente simbolizam o analfabetismo, a caverna nada mais é do que a ausência de conhecimento. Não se alfabetizado é viver sem luzes, é permanecer nas profundezas abissais do não-conhecer. Portanto, a fusão do B com A que resulta o ba, já é um primeiro passo para a saída da caverna que vem mais tarde, à medida que se ampliam os conhecimentos.
A classificação intelectual resulta numa prática alfabetizadora onde o individuo ao iniciar a formulação dos seus primeiros conceitos de aprendizagem, ou seja, do ponto de vista formal, no ato de escrever e ler ele já faz uso de inúmeros mecanismos que irão lhe acompanhar por muito tempo no decorrer de sua formação.
A hipótese silábica é um salto qualitativo, uma daquelas grandes reestruturações globais de que nos fala a teoria construtivista.
No entanto, fica evidenciado que no processo de alfabetização, a hipótese silábica é, ao mesmo tempo, um grande avanço conceitual e uma enorme fonte de conflito cognitivo. Imaginem como fica conflitante para uma criança, defrontar-se com o fato de que, por exemplo, sua escrita para “pato” (AO) ficou igual ao que ela produziu para “gato”.
Obviamente que não é desejado negar aqui a importância da razão para as nossas vidas, é inegável que quando a “cabeça” está bem, o resto do corpo com certeza também vai estar, pois é ai que se encontra o centro de controle, a maquina que coordena tudo em nossas vidas que é o cérebro.
Mesmo assim, esta postura dá sustentação a um pensar a partir do perfil padrão de “homem-ideal” de uma sociedade. Este fator criou uma dualidade educacional do bem-sucedido e do mal sucedido. Na realidade, não é apenas o intelecto que justifica o fato, e aí está uma série de fatores e inseridos a eles está a questão motora como parte fundamental.
Segundo COSTA, 2001, p.222: “Desde a conceituação do ‘corpo-máquina’, o corpo passou por um processo de aperfeiçoamento, a priori pela própria natureza até chegar ao homo erectus. Com o advento das ciências e que coloca em foco de estudo a mente e o corpo que durante muito tempo no decorrer da historia, eram vistos separados em unidades distintas, onde apenas o corpo obedecia as ordens de uma mente que pensava, agora com a educação psicomotora já se aprofunda o assunto de que corpo e mente juntas coordenam um processo de aprendizagem. Por anos e anos, o corpo, como eixo da psicomotricidade foi olhado de um ângulo dissociado do psíquico”. Trabalhava-se o esquema corporal, o lateralidade e outras funções psicomotoras para atender as exigências de uma performance, ou como pré-requisito para aprendizagem de escrita. Com a evolução da imagem corporal, um novo passo é dado acerca do tema. Para LAGRANGE, 1977, p.98: “Essa nova abordagem do corpo faz surgir uma nova imagem do sujeito: o “sujeito-psicomotor-cognocescente”. É um período marcada pelo corpo em movimento, que rapidamente dá lugar a outras abordagens. Agora é o movimento do corpo que marca uma nova época”.
É óbvio que caso o educador compreenda a hipótese com que a criança está trabalhando, passa a ser possível problematizá-la, acirrar – por meio de informações adequadas – as contradições que vão gerar os avanços necessários para a compreensão do sistema alfabético.
O que o texto tenta informar em linhas gerais é como se dá o processo de alfabetização. Tenta-se explicar que as dificuldades da questão como um todo são muito mais de natureza conceitual e muito menos perceptual. No capitulo que se segue “A psicomotricidade na prática pedagógica” teremos uma idéia mais direcionada para a temática estabelecida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:
LAGRANGE. G. Manuel de psicomotricidade. Lisboa, 1977.
COSTA, Auredite Cardoso. Psicopedagogia e psicomotricidade. Petrópolis, Vozes, 2001.
LIMA, Adriana de Oliveira. Fazem escola – A gestão de uma escola piagetiana. Petrópolis, Vozes, 2003.
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