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A Moura Torta
(Contos de Fadas)

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O rei Anuar estava aflito: as leis do país exigiam que ele se casasse tantas vezes quantas fossem necessárias, até que tivesse um filho para herdar o trono. Mas ele não acreditava que pudesse amar.
Anuar tinha o hábito de passear incógnito pelo reino. Em um de seus passeios habituais, chegou às margens de um rio, onde avistou, sentada à sombra de uma árvore, uma jovem de rara beleza.
Seu coração disparou, e ele descobriu que, pela primeira vez na vida, estava apaixonado. Disfarçando a emoção, dirigiu-se à jovem e, revelando sua identidade, pediu-a em casamento. O rosto da moça se abriu num sorriso. Ela tinha se sentado ali para pensar no amor que sentia pelo rei e que julgava nunca poder ser correspondido. Assim, aceitou o pedido imediatamente.
A futura rainha deveria ser apresentada à corte condignamente vestida e acompanhada por um cortejo elegante. Assim, Anuar pediu à noiva que subisse na árvore e se escondesse, enquanto ele iria até a cidade providenciar tudo.
A moça então subiu na árvore para esperar. Algum tempo depois, viu se aproximar uma escrava muito feia, conhecida como a Moura Torta, que vinha buscar água para os patrões. Caminhava com dificuldade, carregando um pote de barro sobre a cabeça.
Quando a Moura Torta se curvou sobre o rio, viu refletida nas águas tranqüilas a imagem formosa da garota. E achou que aquela imagem fosse a sua própria.
— Que desaforo! Uma moça tão linda como eu fazendo esse trabalho pesado!
Jogou o pote no chão, fazendo-o em mil pedaços e foi-se embora.
A jovem segurou o riso para não ser descoberta.
Chegando em casa, a Moura Torta disse aos patrões que havia caído e quebrado o pote. Deram-lhe então um barril de madeira.
Mas, ao se abaixar para encher o barril, a escrava viu novamente a imagem refletida na água. Acreditando de novo que aquela era ela, exclamou:
— Não pode ser! Uma jovem deslumbrante como eu servindo de escrava para os outros!
Louca de ódio jogou o barril contra as pedras, espatifando-o.
Mais uma vez a Moura contou que havia escorregado e que o barril havia se espatifado. Deram-lhe então um caldeirão de ferro.
Chegando  ao rio se debruçou sobre as águas e lá estava novamente a imagem refletida, e ela gritou:
— Não, não e não! Sou bela demais para fazer este trabalho!
Tomada pela fúria, atirou o caldeirão contra as pedras. Como não conseguia quebrá-lo, foi ficando mais irritada, aumentando sua feiúra com caretas e gestos desesperados. Até que a jovem não resistiu mais e soltou uma gargalhada.
A Moura  olhou para o alto e avistou a noiva do rei.
— Ah, então é você! — ela gritou. — É você quem está fazendo eu quebrar minhas vasilhas?!
E, para espanto da moça, começou a subir na árvore. Chegando ao galho onde  a moça estava, tirou do bolso um alfinete e, sem que a jovem percebesse, espetou-lhe com força na cabeça. Imediatamente a  jovem se transformou numa pombinha, que saiu voando dali.
Horas depois o rei chegava, acompanhado por numeroso cortejo, Qual não foi a decepção de Anuar ao encontrar, em vez da belíssima jovem que havia escolhido para esposa, a escrava feia e de pernas tortas a esperá-lo!
—  Mas o que aconteceu? — ele perguntou.
—   Oh, Majestade! Foram tantas horas de espera, debaixo do sol que minha pele sensível não resistiu!
Anuar ficou desorientado, mas, como já havia prometido casamento a moça e comunicado ao reino sua decisão, não podia voltar atrás. Prosseguiu com a festa e casou-se com aquela mulher horrorosa.
Um dia depois do casamento, quando o jardineiro do palácio começou a trabalhar, viu pousar numa planta uma linda pombinha, que começou a cantar:
- Ó jardineiro, se não se importa, me diga como passa o rei com sua Moura Torta!
E o jardineiro respondeu:
- Come bem e passa bem, passa vida regalada, serena e sossegada, como no mundo ninguém!
A pombinha, tristemente, cantou:
- Ai, pobres de nós, pombinhas, que só comemos pedrinhas!
E saiu voando, desaparecendo do jardim. O jardineiro foi corren­do contar ao rei o que acabava de ver e ouvir. Curioso, Anuar lhe ordenou que tentasse agarrar aquela ave.
No dia seguinte, à mesma hora, lá estava de novo a pombinha, pousada na mesma planta, cantando a mesma cantiga que o jardineiro respondeu da mesma maneira. E assim foi por cinco dias até que Anuar pediu ao homem que prendesse a pomba com um laço cravejado de diamantes.
O jardineiro a prendeu e a levou à presença de Anuar, que ficou encantado com a ave.
Prepararam-lhe então uma gaiola deslumbrante e a colocaram na sala do trono, onde o rei passava horas a alisar-lhe as penas.
Um dia, quando Anuar estava mais uma vez agradando sua avezinha, começou a afagar-lhe delicadamente a cabeça até que passou os dedos pelo alfinete que ali estava. Penalizado, segurou-a com carinho, tirando o alfinete da delicada cabecinha. No mesmo instante, viu surgir à sua frente a linda jovem que havia encontrado às margens do rio.
A moça contou-lhe tudo o que havia acontecido enquanto esperava por ele. E Anuar descobriu, horrorizado, que estava casado com uma feiticeira. Anulou o casamento e, em seguida, casou-se com a linda jovem.
Para a Moura Torta, reservou um castigo impiedoso: mandou que a prendessem em um barril cheio de canivetes espetados, de fora para dentro. Depois, que a jogassem montanha abaixo.
 



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