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Professor educador, responsável ou professor “Foca” ?!
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         Vem em um crescente a adoção de um preceito empresarial no campo educacional, refiro-me ao cumprimento de metas de desempenho. Os professores tem que conseguir que seus alunos alcancem um determinado objetivo em um tempo pré fixado, tendo como resultado um ganho financeiro extra. Ganho financeiro este expresso por meio de um bônus, 14º salário ou outra forma qualquer. Premiação que é estendida igualmente à diretores e coordenações pedagógicas. Inclusive esta prática empresarial tem ganho espaço junto à prefeituras e governos estaduais.
          A meta de desempenho é pré determinada, por exemplo na melhoria dos alunos em língua portuguesa ou matemática. O tempo para tal objetivo a ser atingido é do mesmo modo pré estabelecido: um ano letivo, um semestre letivo,..., e o devido valor em dinheiro também é divulgado antecipadamente pela autoridade competente e colocado à mira dos educadores.
          Particularmente discordo desta prática na área da educação, à despeito das justas  preocupações de determinados Prefeitos e Governadores em querer melhorar a qualidade do ensino nas respectivas administrações. Porém este sistema é muito mais fonte de retrocesso do que de avanço. Explico em seguida.
          Educação é um processo que se acumula ao longo do tempo. O objetivo de todo bom educador deve ser o trabalho de qualidade, o melhor trabalho possível dentro do contexto onde ele está inserido. E com o uso evidentemente de constantes avaliações para aferir o progresso do aluno, esta é a lógica. O salário justo, digno deve ser a conseqüência de um bom trabalho naturalmente realizado no dia a dia escolar.
          Quando é fixado um valor financeiro de fundo, correspondente a uma possível meta a ser alcançada, o trabalho de qualidade do educador deixa de ser um valor em si e passa a estar condicionado à um valor em dinheiro. Conscientemente ou não o educador passa a ter um comportamento um tanto mercantil; inverte-se a lógica: o objetivo passa a ser o prêmio em dinheiro a ser recebido e não a boa formação do aluno em si mesma.   
           Se o bônus a que o professor terá direito for “X”, o seu empenho e dedicação ao aluno será igualmente “X”. Se o ganho financeiro for de “2X” ele dobrará do mesmo modo o próprio empenho e dedicação ao aluno e assim por diante. Caso haja uma redução no bônus a ser pago é bem possível que o educador diminua o próprio empenho da mesma forma.
          Não nos esqueçamos também que os mandatos de Prefeitos e Governadores duram quatro anos, chegando a oito em caso de reeleição. E depois o sucessor dará continuidade ao sistema de metas / bônus? E se não der os professores continuarão trabalhando com a mesma “dedicação” sem o prêmio extra em dinheiro?
          Este processo pode ser eficiente em uma linha de montagem de automóveis ou na fabricação de mesas e cadeiras; processo frio e impessoal por natureza. Porém, não deve ser adotado quando lidamos com estudantes. Acrescenta-se a isto o maior risco que dados do desempenho do aluno sejam maquiados, antes de enviados às secretarias de educação. Quando o aspecto financeiro passa a ter uma importância demasiada e dentro de um certo “capitalismo selvagem”  que infelizmente ainda vivemos, a idoneidade pode ser deixada de lado, mesmo tratando-se de educadores.
          Além do mais esta prática de metas / bônus relembra-me aquele processo de adestramento das focas que atuam nos Sea Worlds da vida. A cada nova acrobacia aprendida pela foca, um peixe é dado como prêmio.  Fazendo um paralelo conosco, educadores, teríamos: enquanto a foca receberia uma manjubinha por ter aprendido a bater as barbatanas “5” vezes seguidas, o professor receberia uma salário a mais pela sua escola ter atingido uma dada meta em língua portuguesa de um ano letivo pro outro. Se a foca conseguir além das “5” palmas com as barbatanas, rolar de um lado pro outro “4” vezes ao comando do adestrador, uma manjubinha e mais uma sardinha serão dadas com prêmio / bônus. O professor ganharia um salário e meio a mais, pelo fato de seus alunos passarem a melhorar o desempenho também em redação. 
          Ademais, temos vários professores que sempre se dedicaram realizando um bom trabalho e contribuindo para a melhoria da escola pública, sem a necessidade de terem que ser adestrados através do sistema metas / bônus. Deveriam sim e há muito tempo, terem um salário melhor pelo cotidiano e bom trabalho naturalmente realizados.
          Concluindo, é evidente que uma saudável cobrança em relação ao desempenho e responsabilidades do professor é sempre bem vinda, mas esta deve caber mais diretamente à equipe de direção da escola. Inclusive se um determinado professor estiver produzindo um  algo a mais para a escola, este por justiça e de alguma forma,  deverá eventualmente ser recompensado pela respectiva direção.  Contudo, esta ação será restrita àquela escola e diretamente avaliada pela equipe de direção local, com melhores condições de ser precisa e correta nesta avaliação.   
 



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