Os 80 anos do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso
(Roberto Pompeu de Toledo)
A chegada aos 80 anos do ex-presidente FHC, teve comemorações acima do esperado, tantos foram os eventos e matérias na imprensa, além de duas surpresas. A primeira foi a manifestação da presidente Dilma Roussef, que o saldou como “o acadêmico inovador. o político habilidoso, o ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica”, e ainda encerrou a mensagem com “um afetuoso abraço”. A outra, foi a coincidência com o lançamento do documentário Quebrando Tabu, do cineasta Fernando Grostein Andrade, onde FHC aparece como paladino na procura de alternativas de enfrentamento no combate às drogas. Ficou claro que não está aposentado, há fôlego e bravura para uma briga difícil, suscetível a mal entendidos e de alcance internacional. Ele não se faria merecedor do respeito e das honrarias que o cercaram nesta efeméride, se não fosse o fator fundamental – enfim surge alguém na história do Brasil que honra a instituição da ex-Presidencia. Poucos conhecem as regras mas elas existem e é o segredo de alguns países, os Estados Unidos em primeiro lugar. Um ex-presidente que honra a ex-Presidencia, é o estadista que se põe disponível nos momentos difíceis da nação e as causas apartidárias. Exemplos americanos são Jimmy Carter devotado aos direitos humanos e Bill Clinton, voltado para a defesa do meio ambiente e para a mesma busca de alternativas à atual política anti drogas que motiva FHC. Condição fundamental para o bom exercício da ex-presidencia é o abandono da arena eleitoral. Dos presidentes da última redemocratização, três são senadores e o quarto é potencial candidato à sucessão daquela que lhe sucedeu. A renuncia ao jogo eleitoral é o primeiro requisito ao bom exercício da ex-Presidencia, mas não o único. Outros são, identificar as boas causas, ter capacidade intelectual de analisa-las e entende-las, generosidade para abraça-las e disponibilidade para defende-las. FHC, é, por enquanto, o único ex-presidente a preenche-los.
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