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Norma Culta e Língua Materna
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Desde o princípio o homem que vive em comunidade encontra meios de produzir sua própria existência, caminhos para avançar em descobertas, aperfeiçoar instrumentos, adquirir mais conhecimento e cultura, além dos primeiros traços da escrita registrando a vida e seus feitos. A escrita é um dos diversos meios de comunicação utilizados pelo homem para compartilhar suas experiências e comunicar-se. Logo mais tarde, esse compartilhamento de experiências permite ao homem descontextualizar os pensamentos contribuindo para o desenvolvimento de uma cultura escrita. Esta,por sua vez, rompe com a tradição oral que exigia a presença do ouvinte e orador no mesmo espaço-tempo.  Com a desestruturação do império Romano, devido às invasões bárbaras, surge uma nova organização social que modifica a relação do homem com o saber e a cultura. Nessa conjuntura, o domínio da escrita, que outrora se restringia a um seleto grupo da população pertencente ao clero, passa por uma transição na medida em que se procura estabelecer um padrão para a fala. Segundo Cagliari esta talvez, seja a raiz do problema- a estrutura da sociedade - sendo a escola a maior fonte de disseminação dos preconceitos lingüísticos como instrumento de poder da classe dominante, tendo como elemento fundamental o domínio do dialeto de prestigio. “A escola moderna se envolveu num emaranhado de teorias e métodos, mas se afastou de fato da realidade de seus alunos.” (p.22) Para tanto, abordaremos nessas poucas linhas uma reflexão quanto ao preconceito lingüístico e o ensino da língua materna sem deixar de mencionar as variantes lingüísticas e a norma culta estabelecida como padrão dominante de escrita. De acordo com a UNESCO a língua materna é o melhor meio para que a criança aprenda, por ser um sistema de signos que já faz parte de sua mente, auxiliando a compreensão e expressão do que deve ser assimilado. Levando em conta o aspecto sociológico, pode-se definir como o meio que a identifica como membro da sociedade e também por facilitar a aprendizagem por usar a sua língua em vez de outra semelhante. Embora, para alguns teóricos não seja possível oferecer uma educação baseada na língua materna, pelo fato desta ser tão diversificada linguisticamente que tornaria impossível a produção de materiais didáticos que englobasse toda essa diversidade e pela inviabilidade de qualificar professores para o ensino de tantas línguas distintas. “Ensinar a criança a ler em livros escritos numa variedade de fala estigmatizada é um meio de limitar suas futuras oportunidades de acesso a um melhor padrão de vida (...) A produção de material didático em dialetos populares seria visto, então, pelos próprios educadores, como um desrespeito ao sentimento de que deve haver uma língua-padrão.”( CAGLIARI, p.23) Partindo da citação acima, dialogando os pensamentos de Cagliari com a discussão que recentemente elevou os ânimos de inúmeros estudiosos a respeito dos livros didáticos Por uma vida melhor da coleção Viver e aprender, distribuída pelo Programa Nacional do Livro Didático do MEC, entendemos que neste livro há uma discussão sobre a variação lingüística, abordando em seu conteúdo os aspectos populares orais de algumas regiões do Brasil, com a finalidade de ressaltar as variantes lingüísticas, sem, contudo deixar de difundir o ensino da norma culta.  Mesmo assim, alguns estudiosos consideram inaceitável a utilização de tais exemplos por acreditarem que assim os manuais estariam corroborando para um ensino errôneo da Língua Portuguesa e desrespeitando o fato de que deve haver uma língua-padrão.  Já quem opta por defender o ensino da língua materna afirma que vários traumas sofridos pelos alunos no decorrer do ensino seriam evitados, principalmente o de rebaixar a auto-estima e a radical transformação lingüística causadora de estranhamento em seu meio social e familiar. O que revela a intencionalidade de mascarar um discurso preconceituoso ao estabelecer uma variante padrão e tentar incorporar no mundo dos alunos e em suas experiências um dialeto culto que deve ser usado em circunstâncias adequadas, levando-o a perceber o forte estigma social do qual está sendo vítima. Compreende-se que historicamente a escrita e oralidade são elementos comunicativos pertencentes ao universo do homem em sociedade assim como as divisões da mesma em classes. É compreensível ainda, linguisticamente, a necessidade de estabelecer um padrão para a palavra escrita, em um momento em que se predominava a oralidade como elemento primordial de registro da memória histórica de um povo. Porém, não se pode negar a existência de outras variantes que são e estão presentes no cotidiano do sujeito em quanto autor da linguagem. Bibliografia: CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização & Lingüística. São Paulo: Scipione, 2000. MATTOS E SILVA, Rosa Virginia. Variação, mudança e norma. In Bagno, M (org) Lingüística da norma. São Paulo: Loyola, 2002. MONTEIRO, J. Para compreender Labov. Petrópolis: Vozes, 2000.



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