Os livros malditos
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Toda a ideologia, seja ela política, religiosa ou filosófica baseada no fanatismo da sua realidade (única e exclusiva), é por natureza bibliofobia: odiará os livros e procurará a sua destruição. Porque os livros são o vincula para a diversidade de ideias, suscitam polémica, a capacidade de crítica, em suma, proporcionam o
conhecimento. E o conhecimento é o maior inimigo daqueles que buscam a confiança cega, obediente, muda e submissão sem limites. O livro é um inimigo directo de toda a tirania, ditadura, fanatismo e integrísmo.
Os mártires livros da censura
Com movimentos extremistas (destruir qualquer documento que não cumpra as suas crenças) é repetida na actualidade com os "grupos de pressão": governos, corporações multinacionais, grupos económicos, as sociedades, o crime organizado nas sociedades, sociedades secretas, seitas, o etc. Se o conteúdo do livro vai contra os seus interesses, ser impedido de ser impresso ou e desacreditará o seu autor. Assim a ruínas das bibliotecas já se estabeleceu na história, e com Nabonasar que no ano 747 A.C limpou a biblioteca da Babilónia biblioteca para remover as crónicas dos reis que o haviam precedido visto que a história "começou com seu reinado."
A biblioteca da Alexandria no ano 297 A.C por Demetrio de Falera, sob o reinado do Faraó Tolomeo I, juntou em pouco tempo 900 mil volumes de pergaminhos, papiros e gravações das mais diversas matérias e procedências. Existiam ali curiosos
manuscritos hindus acerca de medicina, anotações chineses sobre alquimia, saberes do antigo Egipto sobre outros diversos assuntos. Destas apaixonantes obras somente nos restam hoje referencias, citações, fragmentos recolhidos por autores contemporâneos a existência da biblioteca, durante 1000 anos que se manteve activa.
Júlio César teve a honra duvidosa de encabeçar a lista de incendiários da biblioteca, e no ano de 47 A.C os seus legionários tomaram Alexandria e saquearam a biblioteca, entre 47 mil,
calcula-se os volumes desaparecidos. Com Diocleciano no ano de 285, na conquista da cidade egípcia, ordenou a destruição dos importantes blocos da biblioteca: um com os volumes egípcios, para privar o país do seu património e faze-los perder a identidade, e outro com os volumes de alquimia, para impedir a fabricação de riquezas e levantarem-se contra o exército de Roma.
Os cristãos foram os próximos na ânsia incendiária, já que no ano 390, o patriarca de Alexandria Teófilo, para acabar com o paganismo, destruiu o templo de Serapis, junto com o anexo da biblioteca que tinha ali a sua sede. O golpe final foi dado pelos Arabes, no ano 646 com o general Amr Ibn-el-As enviado pelo fanático Omar, com a insígnia “não fazem falta outros livros que não seja O Livro” referindo-se ao Alcorão, conquistando assim Alexandria e destruindo a biblioteca. Quando o incêndio se apagou Amr Ibn-el –As ordenou que recorressem os livros que não tinham ardido e destruísse-los nos banhos públicos para servirem como combustível.
Por sorte, os muçulmanos que chegaram depois tiveram um comportamento menos fanático e graças ao amor e à sabedoria,
recuperaram um grande número de perdidos textos clássicos. A biblioteca de Constantinopla também teve um triste fim. No ano 476 um incêndio, cujas causas não foram esclarecidas, destruiu 120 mil manuscritos acumulados desde os tempos do seu
fundador, Teodósio O Jovem, em 425. E assim um vários países as bibliotecas mas importantes, ricas e com volumes inéditos sobre diversos assuntos foram saqueadas e queimadas.
Inquisidores contra o saber
A partir de 1483, é criado o Conselho Geral da Suprema Inquisição a cargo do frei Torquemada, que organizou imediatamente uma queimada geral de livros e que teve repetição em 1490, incluindo seis mil volumes de magia, heresia e outras ciências malditas. Durante o século XVI, terminada a conquista territorial espanhola, o cristianismo empreendeu uma conquista espiritual contra outras crenças. Os livros dos judeus e mouros se jogarão no fogo para demonstrar a superioridade da fé católica.
A inquisição espanhola elaborou em 1540, uma lista de obras proibidas e começou a saquear as bibliotecas. Também em 1548
Roma organizou a Congregação do Santo Oficio da Inquisição, responsável por redigir a primeira lista de livros proibidos ingleses. Assim os inquisidores se dedicavam a percorrer a Europa saqueando e massacrando bibliotecas públicas e privadas.
A partir 1559 unificou-se estas listas tomando um nome oficial “Índice de Autores e Livros Proibidos”, em que no ano 1640 se incluiu a obra engenhosa do fidalgo Don Quixote de La Mancha e seu autor Miguel de Cervantes, foi acusado de por em perigo a fé católica e e todo isso por só frase.
Apesar de todo, alguns livros conseguiram escapar ao fogo com Felipe II de Espanha; aficionado na alquimia e ocultismo, ordenou que as obras sequestradas de estes assuntos fossem para a sua
biblioteca particular e a do mosteiro Escorial.
Contudo, o Índice seguiu activo também no continente americano recentemente colonizado, de onde são tristemente célebres as incinerações do Código dos Mayas y Aztecas. Assim, a actividade restritiva dos livros foi continua durante anos, a sua filosofia combativa permaneceu vigente até 1966, quando oficialmente ficou suprimida, em parte porque já nada lhe fazia caso e em parte porque com o tempo já não se aceita acender fogueiras nos países ocidentais.
Todavia o espírito do Índice ainda permanece tristemente intacto, debaixo do fanatismo religioso de alguns países da esfera Islâmica. Quero dizer que por desgraça, aqui e em qualquer lugar do mundo de onde persiste alguma forma de extremismo, a conspiração contra os livros está activa.
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