O Vendedor de Porta em Porta
(Luiz Carlos Fernandes Navarro)
Uma pessoa com paralisia cerebral, dificuldades para falar e com limitações nos movimentos se oferece para trabalhar como vendedor ambulante em sua empresa. Veja bem, ela não quer uma vaga de balconista, tele-venda, ou qualquer outra função que, não seja a de vender de porta em porta. Qual a sua atitude ou reação numa situação dessa? Não! Não é ficção.Estou falando de Bill Porter, que nasceu com paralisia cerebral. Não bastasse essa deficiência, Bill nasceu com orelhas enormes, da melhor dinastia Dumbo, o que já seria suficiente para ter todas as portas fechadas na sua cara, e excluí-lo do mundo das vendas. Mas Bill tinha um sonho, ser um grande vendedor como o seu pai. Obstinado, foi bater à porta da Watkins Company, uma tradicional empresa norte-americana, e apesar de certa relutância devido às suas limitações, conseguiu o emprego quando disse para lhe darem a pior rota. Completamente torto, com a fala ininteligível, não podendo dirigir, nem utilizar as suas duas mãos, foi mandado para uma zona difícil (bairros em que as vendas não decolam, de jeito algum), onde teria que ir de porta em porta oferecendo os produtos da companhia. Primeiramente Bill é rejeitado pelas pessoas "normais", mas ao fazer sua 1ª venda para uma alcoólatra reclusa, ele literalmente não parou mais, por mais de 40 anos caminhou 16 quilômetros por dia. Conheça o Bill Porter na vida real, http://www.billporter.com/, você se apaixonará pela profissão de vendedor ambulante. Outra dica é o filme da vida de Bill Porter, De Porta em Porta (Door to Door, EUA, 2002), que certamente vai tocar você, é daquelas fitas edificantes, que mostram como um drama pessoal pode deixar de ser um obstáculo natural àqueles que se dedicam, com paciência e persistência, e que vão à luta. Quando assisti este filme fiquei emocionado, a partir de então sempre o utilizo nos meus programas de treinamento em Técnicas de Venda. Eu também tive as minhas experiências como vendedor de porta em porta, daquela que mais me orgulho foi também a minha primeira iniciativa como empreendedor, na época morava em Uberaba, no Triângulo Mineiro, cidade onde cursei a faculdade e casei. Lá havia uma fazenda modelo de pesquisa da EPAMIG – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, entre as muitas áreas de pesquisa, pesquisavam e produziam o mamão papaia, e como forma de divulgar, incentivar e expandir esta cultura forneciam gratuitamente as mudas desta fruta. Foi quando eu, minha esposa e a minha sogra tivemos a idéia de plantar algumas mudas no terreno da casa onde morávamos – nesta época eu e minha esposa morávamos numa edícula que pertencia à minha sogra – com o objetivo de fazer doce de mamão verde enroladinho e em pedaços, para vendê-los em compotas, uma especiaria mineira, são deliciosos. Com esta atividade tive a oportunidade de deparar-me com a necessidade do planejamento da produção, compras de ingredientes, insumos (vidros para compotas), logística e transporte para entrega (o famoso sp. 2), foi um aprendizado e tanto. Depois de muito trabalho e noites sem dormir conseguimos concluir a primeira produção, chegara a hora da verdade, vender de porta em porta o nosso produto final... E como não podia deixar de ser, eu era o gerente da força de vendas, cuja equipe era formada por um único vendedor, isto mesmo, eu! Saí para o primeiro atendimento ao nosso mercado consumidor, o famoso face-a-face, e após um dia de muitas visitas, a pé, debaixo de um sol escaldante de “rachar mamona”, consegui vender as primeiras três compotas de doces para um “boteco”, e com a possibilidade de ampliar as vendas. Fiquei muito feliz, me encheu de entusiasmo e motivação para continuar, me sentia como um grande empresário da indústria alimentícia. Nesta ocasião aprendi muito sobre as habilidades necessárias para a formação do profissional integral de vendas, e as competências que mais exigiram o meu esforço foram a paciência, a persistência e principalmente a humildade, esta foi e continua sendo fundamental para cumprir a minha missão. Aquelas compotas de doces eram feitas com amor e dedicação, diria até que havia uma certa magia, e quem as comesse seria contagiado por estes sentimentos nobres. Ainda hoje quando lembro desta passagem, sou tomado por uma nostalgia que me fortalece reafirmando do que fui capaz de realizar junto com a minha esposa. Depois de alguns meses vendendo doces encerramos a atividade, fui tentar a sorte como vendedor autônomo. Descobri que nas minhas veias corriam sangue de vendedor, e que esta poderia se tornar a minha carreira de sucesso. Bingo! Realmente colhi muitos frutos como vendedor profissional, de um simples conjunto de roupa feminina, vendendo caminhões, sub produtos da agroindústria para exportação e até insumos químicos. Os negócios eram desde valores insignificantes até as grandes cifras que, muitas vezes envolviam financiamentos. Percorri de pequenas a grandes distâncias, a pé, a cavalo, de carroça, de balsa, de carro e de avião. Atravessei divisas de municípios, divisas de estado e fronteiras entre países. Conheci pessoas dos mais diversos matizes, do rústico ao fidalgo, do analfabeto ao letrado, do pobre ao milionário, do incógnito ao famoso. Hoje estou sendo recompensado pelo prazer de poder contar e compartilhar com cada um dos meus leitores. Além de poder transmitir estas experiências durante os cursos e palestras que ministro, é muito gratificante.
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