Ser TRANSSEXUAL
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A questão da transsexualidade é lembrada de quando em vez e trazida ao domínio público de uma forma geral em reportagens de excelente qualidade jornalística. A de Mafalda Gameiro, exibida na SIC, é mais um desses momentos televisivos a que os telespectadores devem tirar o chapéu. Primeiro porque se trata de um trabalho sério de acompanhamento que a repórter daquela estação de televisão desenvolveu ao longo de um ano enquanto decorreu o processo de mudança de sexo da agora mulher Patrícia de seu nome. O que me interessa analisar aqui convosco é o drama de uma pessoa que nasce com o sexo errado, ou seja, que nasce com órgãos genitais masculinos, mas que se sente mulher na personalidade, ou uma mulher que nasce com órgãos genitais femininos e que se sente homem na forma de se exprimir. Quão difícil deve ser a jornada da vida nestas condições feitas de vergonha, de medo, discriminação, de tristeza, de remar contra a maré. Raros são aqueles que na nossa sociedade são apoiados, compreendidos, ajudados a dar os passos rumo a uma mudança de sexo que os recoloque na vida de acordo com o seu coração. O coração que tão pouco é levado em conta na vida de todos nós.Com que se defronta um transsexual? Com carimbos! Com frases insultuosas! Com palavrões! Dos macho man e de todos os outros. No máximo da boa vontade aplica-se o rótulo: «Coitado/a! Não é carne, nem é peixe!» ou «Cada um é pró que nasce! Que grande desgraça!» Efetivamente os seres humanos portam grandes estigmas, mas os que se referem ao sexo parecem desencadear um enorme sofrimento, sobretudo porque um transsexual é rejeitado por homens e por mulheres e, como é bom de ver, fica perdido na vida. E veja-se: é apenas um ser humano que possui genitais que não condizem com os seus anseios e desejos e sonhos... Triste sociedade que não consegue valorizar aqueles que são diferentes, que não os consegue apoiar, que não os consegue orientar sobretudo quando precisam de amor. É tempo de banir, neste tempo de mudanças sociais e políticas, do nosso vocabulário termos como «aberração»! Não existem aberrações, existem situações e as situações é para serem apoiadas e resolvidas e sustentadas por um todo que se chama HUMANIDADE porque, ao que sei, somos todos filhos do mesmo Pai. Para mim, Deus, para outros Alá ou seja lá que nome for, desde que seja de AMOR. Saude-se o Estado Português por ter participado na transformação, segundo o coração, de Patrícia.
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