Viagem ao Centro da Terra - Hoje II
(Filipe Vilicic - Revista Veja)
Em viagem ao centro da terra o escritor Julio Verne (1828-1905), concebeu um interior do planeta com seres pré-históricos. Na vida real, o primeiro plano para chegar ao manto terrestre foi do geólogo americano Harry Hess, um dos pais da teoria das placas tectônicas.
Há muitas dúvidas sobre o que há abaixo do solo, não se sabe em quais solos e em que profundidade é possível encontrar petróleo. Há teorias que existe petróleo em camadas da crosta próximas ao manto, nesse caso as reservas seriam muito maiores. Outra questão é se existe água ou algum tipo de vida no manto.
O geofísico Benoit Ildefonse, da Universidade de Montpellier, França, um dos chefes da excursão a Costa Rica: “uma das nossas maiores ambições é encontrar material orgânico sobrevivendo a uma temperatura de quinhentos graus”.
Chegar ao manto é um sonho antigo. Em 1909 o meteorologista croata Andrija Mohorovicic, descobriu que ondas sísmicas viajam mais rapidamente a trinta quilômetros de profundidade do que em regiões próximas a superfície. Identificouassim, a parte superior do manto e supôs que o interior da Terra não é uniforme, mas em camadas.
A primeira tentativa de perfurar o solo em direção ao manto foi nos anos cinqüenta, com o nome de Projeto Mohole. A idéia veio do geólogo americano acima mencionado, Harry Hess. Em mil novecen tos e sessenta e um, o projeto cavou cento e oitenta e três metros de sedimentos em águas com três mil e quinhentos metros de profundidade. Esse foi o único sucesso da empreitada, cancelada cinco anos depois pelo alto custo. Entre mil novecentos e setenta e mil novecentos e noventa e dois, os russos escavaram doze quilômetros na Península de Kola que teve de ser interrompida porque a temperatura atingiu cento e oitenta graus, impedindo o progresso da broca.
Chegar ao interior do planeta não é fácil como imaginou Júlio Verne, não basta descer por fendas vulcânicas e cavernas. Antes de alcançar o manto a pressão e a temperatura impossibilitam a vida humana. O sistema de perfuração com brocas é a mesmo usado na perfuração de petróleo no mar, só que para o petróleo as perfurações são próximas ao continente, em rochas sedimentares, fáceis de serem vencidas e sem interesse científico. Pelas dificuldades encontradas e pelos benefícios que pode trazer a ciência, ir ao centro da Terra é comparável a ir a Lua.
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