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O Invasor, de Beto Brant
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O Invasor Beto Brant



Assim
como o filme de Cláudio Torres, Redentor, O Invasor trata de questões socias do
nosso tempo sem se repetir no discurso romântico e estereotipado sobre a
“preocupação com o social” ou no retrato de uma classe vitimizada que “não teve
oportunidade na vida”, carente de recursos e educação.

A
realidade que explode nos planos e cortes de Beto Brant não parece ser
exatamente um tratado sobre ela mas sem dúvida é sobre o Brasil de 2001 e tem
urgência em colocar na tela o conflito social em que vive o espectador,
principalmente aquele das grandes cidades.

Ao contrário dos
trabalhos de Eduardo Coutinho, o filme não está em oferecer a esse espectador o
imaginário de uma multidão que geralmente permanece silenciada, O Invasor
oferece e pede pra que o público saia do papel de mero espectador e apela para
que a classe média se inclua no jogo social.

Se Contra Todos
e Cidade de Deus coloca
sua ambientação geográfica na periferia, a ambientação de O Invasor está no grande centro burguês
paulistano que vê sua “trama policial” invadida pelo mundo exterior.

O
personagem de Miklos, assim como os personagens da classe operária de Redentor,
não deseja mudar a ordem social para se instalar revolucionariamente, ele já
passou muito tempo “comprando” uma realidade que não lhe era permitido
compartilhar, agora ele não quer mais continuar cumprindo sua função
reclusadamente, ele quer tudo o que a burguesia tem, ele quer ser burguês
também, (ele não quer mais fazer ele quer mandar fazer)ele não odeia a
burguesia por ser opressora, ele a odeia porque não pode ser como eles.

Quando o
personagem de Miklos invade a narrativa do filme, é como se ele também
estivesse invadindo a dramaturgia do cinema brasileiro que encontra significado
muito além do drama moral pequeno burguês psicológico e do drama dos pobres e
oprimidos.

O filme de Brant
vai exatamente contra esse recorte de pensar que existe uma parcela da
população que precisa ser salva por outra, ele não recorta a periferia como um
universo limitado, mas um universo que se afirma e exige sua presença naquele e
nos demais espaços que ela desejar ocupar.

Num determinado
momento do filme o personagem de Alexandre Borges coloca bem clara essa idéia
dizendo para o personagem de Marco Ricca para que ele tomasse cuidado com as
pessoas que não pertecem a mesma classe social dele pois “essa gente” não está
contente com o que tem, no fundo eles querem o seu carro o seu dinheiro as suas
roupas e comer sua mulher.

O olhar de Brant
em direção a esse universo denuncia que Brant não ignora e não pretende filmar
essa realidade como se fosse um deles, está claro que ele não faz parte do
mundo periférico, a câmera se sente à vontade na sala, no escritório, na
piscina… e quando sai desse mundo a câmera subjetiva é usada na maioria das
vezes; como por exemplo na cena em quea personagem de Mariana Ximenes vai com Anísio na favela.

O Brasil surge em
toda parte, o país que vemos das janelas, nas calçadas, esquinas, telejornais.
Assim o que se encontra em questão não é a invasão da periferia na vida pequeno
burguesa, o verdadeiro invasor é o Brasil que tem urgência em ser repensado e
discutida a impossibilidade de resolver “os problemas da periferia” sem mudar
os hábitos de quem não vive nela.



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