Stress 
(P. Câmara; E. Sacadura Leite; A. Uva)
  
A palavra stress deriva do Latim Stringere – esticar ou deformar – e Strictus – esticado, tenso, apertado (Sacadura-Leite & Uva, 2004). Segundo Lazarus (1993, citado por Câmara et al., 1998) “O stress surge quando o equilíbrio básico do bom funcionamento físico e mental é posto em causa, originando menor desempenho (…). O stress significa ruptura. Ruptura de um estado emocional positivo, como o entusiasmo, para um estado emocional negativo, tipicamente associado à ansiedade, ao medo e à perda de controlo emocional”.
 Cada vez mais se fala em “stress no trabalho”. Este reflete ser “consequência da desarmonia (ou desequilíbrio) entre as exigências do trabalho e as capacidades (recursos ou necessidades) do trabalhador” (Sacadura-Leite & Uva, 2004). Neste caso será necessário falar em “qualidade de vida no trabalho”, conceito que se refere ao bem-estar geral dos trabalhadores e a sua saúde no desempenho das funções que lhes estão destinadas, visando minimizar as consequências negativas do stress para os indivíduos e organizações.
 
  A literatura aponta três principais fases do stress: 
  1. Alarme  : reacções corporais aquando do reconhecimento do agente stressor (como se de uma ameaça física se tratasse); a glândula pituitária liberta a hormona adrenocorticotrópica (ACTH); o sistema nervoso simpático estimula diversos órgãos (aumenta a respiração e o ritmo cardíaco).
  2. Resistência :  Mantendo-se o agente stressor, e para que o organismo esteja preparado para a situação, as glândulas adrenais (sistema endócrino) segregam as hormonas epinefrina e norapinefrina (estimulação muscular); o córtex adrenal liberta corticosteróides (produção de medo e excitação).
  3. Exaustão : A situação de stress que decorre por demasiado tempo leva à fadiga. O sistema parassimpático permite ao organismo funcionar normalmente após o perigo cessar.
 
  Alguns factores preditores do stress são: 
   •  aumento da instabilidade social e económica;
   •  desemprego crescente;
   •  mudanças no local de trabalho (espaço, chefia, processos, tecnologias…);
   •  competitividade organizacional derivada das exigências do mercado;
   •  condições de trabalho (ruído e poluição, ergonomia, salário, funções desempenhadas, volume de trabalho, variáveis associadas ao tempo…);
   •  clima organizacional (relação com a chefia, cooperação na equipa);
   •  aspectos pessoais/familiares (resiliência, suporte, stress extra-trabalho).
 
  Como consequências para a saúde e qualidade de vida do indivíduo podemos apontar:  
   •  disfunções dos sistemas cardiovascular, respiratório, endócrino, gastrintestinal e imunitário;
   •  alterações de comportamento que provocam deterioração das relações pessoais: aumento do consumo de café, tabaco, álcool e drogas; aumento do número de erros; aumento do número de acidentes; alterações no papel social como o conjugal, parental e societal).  
  O stress também produz implicações para as empresas e para a sociedade: 
   •  diminuição da produtividade e qualidade do trabalho;
   •  dificuldades de relacionamento;
   •  absentismo laboral e custos daí resultantes;
   •  instabilidade para a organização.
 
 Existem várias formas de prevenir a situação, tanto a nível laboral como a nível individual:
    No contexto laboral   
   •  implicação dos trabalhadores no processo de melhoria contínua - a empresa como um bem comum, suscitando maior identificação e participação;
   •  cooperação nas relações profissionais inter-hierárquicas – a informação é essencial em qualquer organização e deve circular nos níveis horizontal e verticalmente;
   •  avaliação das consequências da implementação de melhorias e inovações no ambiente de trabalho.
 Estes aspectos requerem que se olhe a organização como um todo. A comunicação deverá estar subjacente à vida da empresa e dos seus membros.
   No contexto pessoal  
   •  antecipar-se aos acontecimentos;
   •  resolver assuntos/conflitos pendentes;
   •  não descurar o suporte social;
   •  pensar positivo;
   •  praticar técnicas de relaxamento muscular, controlar a respiração e os pensamentos automáticos negativos;
   •  procurar o desenvolvimento pessoal;
   •  ter uma alimentação saudável (evitar excessos de cafeína, álcool, açúcar refinado, sal e gordura saturada);
   •  fazer exercício regularmente.
 Os factores mencionados permitem ao organismo lidar com a pressão sem que ela se transforme em stress. Assim, haverá um aumento da tolerância ao stress.
 
 Referências bibliográficas:
   •  Câmara, P. et al. (1998). Humanator: Recursos Humanos e Sucesso Empresarial. Lisboa: Publicações Dom Quixote. 
   •  Sacadura-Leite, E., & Uva, A. (2004). Stress relacionado com o trabalho. Sociedade Portuguesa de Medicina no Trabalho, 6, 25-42. 
 
  
 
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