Os 4 momentos do recalque e reflexões terapêuticas (psicanálise)
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Os 4 momentos ligados à operação de recalque:
1º momento: “recalque originário” – Operação parcialmente inconsciente – é repressão que produz a rejeição inicial dos representantes psíquicos que atingem o ego, investidos pela pulsão do id. É o primeiro recalque a acontecer; não incidindo sobre a pulsão enquanto tal, mas em seus sinais, em seus representantes psíquicos (pensamentos, emoções, sentimentos, desejos), que têm acesso à consciência e aos quais a pulsão permanece fixada. Fica criado assim, um primeiro núcleo inconsciente funcionando como pólo de atração para os elementos futuros a recalcar. Desta forma, o ego, através de uma ação de contra-investimento, retira do campo consciente o que ele pode até desejar, mas teme (ideal de ego).
2º momento: é a ação de repelir, no inconsciente novos investimentos do id, que são temidos pelo ego, mantendo as representações originais, iniciais recalcadas. Os novos recalques são decorrentes de um processo duplo, através de uma nova rejeição por parte do superego e por uma atração da nova representação pelo núcleo recalcado
anterior, o recalque inicial, estabelecendo-se as primeiras associações de representações recalcadas – operação totalmente inconsciente.
3º momento: impedir o retorno do recalcado pelos contra-investimentos constantes do ego– Resistência Avançada de 2º Nível. Operação não totalmente inconsciente.
4º momento: retorno do recalcado – Infiltração da pulsão por uma deficiência da ação de contra-investimento que produzirá uma defesa patológica pela deformação produzida pelo superego através das condensações das representações associadas, produzindo sintomas, sonhos, atos falhos, etc. Operação totalmente inconsciente.
Reflexão sobre o recalque:
Não podemos fugir das próprias tendências manifestas através dos nossos desejos, sentimentos etc. Evolutivamente não iremos a lugar nenhum recalcando, pois isto caracterizará um processo provisório de apaziguamento interno. Precisamos estar fortalecidos moralmente para elaborarmos e assim enfrentarmos nossas tendências primitivas.
Se já temos a consciência deste mecanismo, devemos a cada impulso de agir, a cada emoção a cada desejo que não refutamos como bons, enfrentá-los buscando elaborálos, ou seja, trabalhá-los conversando com eles racionalmente, dizendo das nossas novas propostas, das nossas novas intenções de crescimento. Afastá-los, rejeitandoos da nossa mente dizendo: “sai de retro satanás”, não vai resolver, pois só facilitará a
instalação de um mecanismo de defesa, sendo o principal o recalque. Converse mentalmente com as suas tendências usando o ego que avalia (razão), buscando perlaborá-las; sabemos que não será fácil emocionalmente:
“Por que estou sentindo isto? Isto não me convém mais! Não vou aceitar fazer isto, não por medo, mas sim por que sei que não é construtivo para minha vida e não vai acrescentar aquela felicidade que eu busco!”
? Rejeição pelo ego: contra-investimento: Toda vez que você fugir conscientemente de algo que representa um desejo ou uma tendência que você não poderá atender sem sentir culpa, dando uma desculpa qualquer, você
estará recalcando, ou seja, é o “sai de retro satanás”.
? Repelir do superego: Quando o superego repelir, de maneira inconsciente, estes impulsos já anteriormente recalcados, você dificilmente notará. Assim, toda vez que você não quiser ir a um lugar que anteriormente você gostava de ir, ou de não fazer algo que sempre foi prazeroso, pense: será que estou fugindo de alguém para não brigar, transar, emprestar, etc.? Será que estou fugindo de uma situação, de comprar, de comer etc.? Recalcar significa manter intacta a tendência, o desejo, sem elaborar, sem vencer a si mesmo.
“Se você der uma de demo e fizer o que não pode, sentirá culpa! Ao rejeitar e fugir (sai de retro satanás) dará uma de anjo, recalcará e também ficará infeliz.” Só elaborando ou perlaborando, atendendo simultaneamente os desejos e as
exigências de sua censura moral consciente e inconsciente (Tu + Mudinho), você poderá encontrar a felicidade, ou seja, você deve negociar, com as suas necessidades: compre o que pode, coma o que deve com equilíbrio, namore quem pode e deve etc., mas não negue que comprar comer ou namorar o que o ID está lhe sugerindo seria ótimo. Assuma e vença a partir daí, usando seu campo racional (ego que avalia) numa ampla negociação consigo mesmo, com tudo e com todos.
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