O Rei das Águas
(Lendas Russas)
Num belo dia de verão, as moças de uma aldeia se reuniram para se banhar. Chegando ao rio, sentaram-se na relva, antes de entrarem para o banho. Começaram, então a conversar sobre os moços da cidade, qual era o mais bonito e com qual se casariam. Somente uma delas nada dizia. Seu nome era Frosia, uma órfã muito pobre, mas tão bela que ninguém se cansava de contemplá-la. E ali estava sentada, sem abrir a boca. Suas companheiras começaram a aborrecê-la:
- Não tens namorado?
- Onde está ele?
- É rico?
- É bonito?
E a moça respondeu:
- Pobre como sou, como poderia ter um namorado rico e bonito? Talvez uma cobra quisesse me namorar...
Mal pronunciara essas palavras, todas as suas companheiras gritaram ao mesmo tempo:
- Ah, uma cobra! Ali está uma cobra!
E fugiram em debandada. A moça olhou ao redor e, ao seu lado, no chão, vê uma enorme cobra preta. Ficou apavorada! A cobra, entretanto, deu um salto, ergueu-se, e se transformou em um belo príncipe, com cabelos ondulados e os olhos cintilantes. Perguntou docemente à moça:
- É verdade que te casarias com uma cobra?
Ela, sem saber o que responder, olhava para o jovem e se perguntava:
"De onde veio homem tão belo?"
Ele, como se lhe adivinhasse o pensamento, disse:
- Não sou uma simples cobra, mas o rei do reino das águas que fica bem perto daqui, no fundo da água azul.
Viu nos olhos de Frosia, que ela estava disposta a segui-lo e, levantando-a em seus braços vigorosos, atirou-se com ela para o reino das profundezas marinhas...
Casaram-se e Frosia nem podia acreditar em tanta felicidade. Ele era tão bom! Jamais ela vira alguém assim e estava certa de que em parte alguma poderia existir outro homem como ele. Sentia-se feliz por gostar dele e não se cansava de admirá-lo. Desejava agora ser imortal, para nunca ter de se separar do marido!
Sete anos se passaram no fundo das águas, como se fossem um dia, sem que a felicidade da jovem terminasse. Durante esse tempo, tiveram um casal de filhos.
Subitamente, a jovem passou a se entediar: tinha saudade da terra, gostaria de rever sua aldeia e as amigas...
O rei consentiu que ela se ausentasse, com seus filhos, durante três dias, depois de lhe ter feito jurar que nem ela, nem as crianças, diriam a ninguém quem era seu marido e como viviam eles. A moça prometeu, sob juramento.
- Dentro de três dias - disse ele - volte a este mesmo lugar e chama três vezes: "Cuco!" Eu aparecerei imediatamente.
Frosia nada revelou às amigas. Mas elas se puseram a acariciar as crianças suplicando que lhes contassem tudo. O menino, era mais inteligente que a irmã, e a todas as perguntas respondia nada saber.
A menina, porém, não se conteve e contou tudo. As invejosas tagarelas depressa foram contar a história aos seus maridos, que correram à beira do rio e pronunciaram a palavra mágica. A cobra veio à superfície e foi morta sem piedade.
Antes de morrer, o rei das águas teve tempo de dizer à Frosia:
-Eu te agradeço, minha querida esposa, por dever minha morte à indiscrição de nossa filha... Voa sob a forma de um cuco cinzento e repete melancolicamente a palavra "Cuco!" da primavera ao outono. E, a partir do outono, que todas as aves, te persigam! "E tu, filha traidora, serás urtiga, uma erva ardente, que queima, a fim de que chores continuamente a morte de teu pai!”
"Tu, meu filho fiel, que não esqueceste os conselhos paternos, serás uma avezinha adorável, o harmonioso rouxinol, que viverá e cantará nos jardins e nas moitas, para a alegria dos homens e consolo dos infelizes"!
Foi assim que surgiram na terra o cuco, a urtiga e o rouxinol.
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