Investimento (Psicanálise)
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Conceito econômico. O fato de uma determinada energia psíquica, agradável ou mesmo desagradáve, ser ligada a uma representação ou grupo de representações ou a uma parte do corpo, a um objeto (externo), ou a uma fantasia.
Ao se estudar os sintomas da conversão e da histeria, podemos deduzir que existe um investimento e uma conservação de energia nervosa, desagradável, que se fixa no inconsciente (quantum de afeto). Essa concepção encontra uma formulação sistemática no "Projeto Para uma Psicologia Científica", que descreve o funcionamento
do aparelho nervoso, fazendo intervir apenas variações de energia no seio de um sistema de neurônios. Neste texto, o termo investimento designa o ato de carregar, na memória de um neurônio, tanto algo agradável quanto algo desagradável, isto é, carregá-lo de energia.
Na segunda teoria do aparelho psíquico, a origem de todos os investimentosocorre no id, pólo pulsional da personalidade. As outras intâncias (ego e superego) retiram a sua energia dessa fonte primordial. Quando se fala de investimento recebido de um objeto (refere-se a uma energia, um ganho emocional (agradável ou desagradável) ligado a algo externo que atinge o ego e o excita), opondo-se ao investimento de uma representação (algo interno, oriundo do pré ou do inconsciente (id), que atinge o ego), desaparece a noção de um aparelho psíquico como sistema fechado, análogo ao sistema nervoso, já que ele pode ser sobrecarregado com excitações externas oriundas dos objetos. No investimento inconsciente, se consideramos, efetivamente, que este investimento é oriundo do id, somos levados a concebê-lo como impelindo constantemente as representações, ali fixadas, para a consciência, produzindo
representantes psíquicos, mas muitas vezes Freud fala do investimento inconsciente, como de uma força de coesão própria do sistema inconsciente, independente do id, sendo capaz de atrair para ele novas representações. Esta força desempenharia um papel capital no recalque.
Quando se fala em investimento do indivíduo no objeto, estamos nos referindo à operação em que o ego utiliza distribuindo sua energia para fora, nas suas relações com o mundo. Ex.: comprando, falando, namorando, lendo, trabalhando etc. A noção de investimento é fundamental para explicar numerosos fatos clínicos ou ainda apreciar a evolução do tratamento. Certas patologias colocam em evidência a idéia de que o ego tem, à sua disposição, uma determinada quantidade de energia, que repartiria de forma variável na sua relacão com os seus objetos e consigo mesmo. É assim que a depressão, num estado como o luto, ou seja, o empobrecimento manifesto da vida de relação do sujeito, tem a sua explicação numa concentração de um investimento de energia psíquica do ego no objeto perdido, roubando a energia psíquica que deveria ser investida nas outras relações de sua vida. Existe uma verdadeira distribuição energética pelos diferentes investimentos dos objetos exteriores ou fantasísticos (intrapsíquicos), como também no investimento da libido em diversas partes do corpo. O mesmo se dá com os investimentos narcísicos (do ego).
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