Faroeste URBANO (Violência nas favelas)
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Medo. Este é o real sentimento
de muitos moradores das grandes cidades brasileiras na atualidade. No Rio de Janeiro,
a segunda maior metrópole do pais e a mais conhecida no exterior, as práticas
de violência assustam. Os números de homicídios que vitimam em sua maioria
homens entre 14 e 24 anos lembram os lugares em guerra. Este, porém,
não é um cenário que pode ser atribuído somente aos negros pobres ou aos
migrantes nordestinos, como se faz tradicionalmente. Eles sãos sim, as
principais vítimas.
Primeiro por morar em áreas
mais atingidas pela violência, em que vigoram muitas vezes pedágios e toques de
recolher. Segundo, por sofrer com o preconceito que os colocam como principais
responsáveis pela criminalidade. No Rio de Janeiro, ela resulta, sobretudo, do
alto grau de mobilização e organização dos criminosos.
Diferente das máfias, o crime
organizado do Rio de Janeiro não é liderado por famílias, mas por uma espécie
de donos ou gerentes locais, que controlam várias pessoas, desde fornecedores
de drogas até os chamadores “aviõezinhos” ou “vapores”, que fazem a venda da
mercadoria. Reunindo ainda em vastas redes como o Comando Vermelho, o Comando
da Capital e o Terceiro Comando, eles mostram grande capacidade de
reorganização; controle de uma enorme malha de proteção e pretensões políticas
ao exercer, por exemplo, o papel dos líderes comunitários das comunidades que
eles atuam.
Essas redes começaram a ser
construídas na ditadura militar (1964-1985). Herdara, em parte, da estrutura
que vigorava no jogo do bicho, ou seja, atuam, dentro de uma divisão da cidade,
em áreas de influências, controladas por gerentes; mantêm relação corrupta com
a polícia; montam seus quartéis generais em áreas pobres; mesclam em suas ações,
diversas atividades criminosas. O crime organizado começou a se tornar poderoso
com o aumento do consumo e do tráfico internacional de drogas e armas; ao mesmo
tempo em que o jogo do bicho perdia importância diante do aumento da oferta de
jogos legais de loterias.
A garantia de existência de
toda essa rede é a vilência praticada nas vilas e favelas. Pune-se em geral com
a morte, todos aqueles que não cumprem o papel que deles se espera. O pior é
que essa malha de criminosos arrebanha seus integrantes entre os jovens, habitantes
das periferias e que em geral, recebem pouca ou nenhuma atenção dos
governantes. A população desses locais sofre pressão, ficando à margem da
sociedade.
Eis aqui um pequeno quadro
desse conflito, historicamente marcado por descaso e ações equivocadas do
governo, e que acabou se transformando em guerra urbana generalizada,
responsável por vitimar indistintamente cidadãos de todos os grupos sociais.
Chicovsky/2011
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