O Pescador e a Tartaruga
(Fábulas Japonesas)
Urashima-tarô era pescador. Um dia, voltando para casa, viu que uma tartaruga estava sofrendo maus tratos de um grupo de meninos. Pediu a eles que a deixassem em paz, mas eles responderam que, como tinham achado a tartaruga, ela lhes pertencia e podiam fazer o que quisessem com ela. O pescador, então, ofereceu a eles os poucos trocados, que havia conseguido naquele dia, em troca da pobre criatura. Os garotos pegaram o dinheiro e deixaram a tartaruga ferida. O homem tratou de seus ferimentos e a soltou no mar.
Tempos depois, Urashima-tarô pescava em alto mar, quando uma tartaruga surgiu e disse ser àquela a quem ele havia salvado. Por ser muito grata e dever a vida a ele, o convidou a conhecer o mundo encantado do fundo do mar. A tartaruga o levou no seu casco.
O senhor dos mares recebeu o bondoso pescador e, por ter salvado uma súdita, convidou-o a se hospedar no seu castelo, pelo tempo que ele desejasse. Urashima-tarô se encantou com aquele mundo e decidiu permanecer por lá.
Passado algum tempo, o pescador sentiu falta da família e da sua terra. Decidiu, então, voltar para casa. Seus novos amigos tentaram convencê-lo a não partir, mas a saudade foi maior e ele resolveu voltar para o seu lugar.
O senhor dos mares, então, o presenteou com uma caixinha mágica, e pediu a ele que nunca a abrisse. Seus amigos lhe prestaram uma homenagem na despedida; e lhe desejaram felicidades no convívio com seus semelhantes. A tartaruga o levou de volta à terra.
Já no seu vilarejo, Urashima-tarô encontrou uma aldeia diferente. Não encontrou sua casa, nem sua família. O curto período que tinha vivido no fundo do mar, havia significado anos na sua terra. E por estar vestindo uma roupa antiga, em todos os lugares que passava, as pessoas o olhavam com curiosidade. Passou a vagar pelas ruas solitariamente.
Desolado e triste, resolveu abrir o presente, descumprindo o pedido do senhor dos mares. Uma fumaça branca saiu de dentro da caixinha mágica e o envolveu. Quando a fumaça se dissipou, deixou à mostra um Urashima-tarô velho, com a barba e cabelos brancos. Somente aí ele percebeu o quanto era valioso o presente, pois a caixinha guardava a "eterna juventude".
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