Opiáceo
(Marta Melich)
O termo opiáceo refere-se a todas as substâncias naturais, semi-sintéticas ou sintéticas com propriedades semelhantes à morfina. A sua ampla utilização terapêutica é devida às suas propriedades analgésicas. No entanto, a sua frequente administração provoca efeitos de tolerância e dependência (critérios definidos no DSM-IV), através da fixação reversível e selectiva a receptores membranários localizados no SNC. Actualmente são reconhecidos 3 grandes tipos de receptores opióides: um, delta e kappa com características moleculares, bioquímicas e farmacológicas bem definidas. São também reconhecidos 3 precursores que originam 3 famílias diferentes de péptidos opióides endógenos, responsáveis pela activação dos referidos receptores: proopiomelanocortina, proencefalina A e proencefalina B. A activação dos vários receptores opióides produz genericamente efeito inibidor da transmissão sináptica. Crê-se que os fenómenos adaptativos de tolerância e dependência opiácea têm origem nos sistemas do segundo mensageiro - proteína G e enzimas transmembranárias e intracelulares – ligados à activação opióide; esta activação conduz a hipertrofia do sistema ligado a AMPc, principalmente ao nível do locus coeruleus, verificando-se alterações compensatórias na proteína G e nas actividades adelinato ciclasa e protaína kinasa.
Experiências realizadas com antagonistas (naldrexona) permitem concluir que mecanismos endógenos e homólogos são insuficientes para explicar o desenvolvimento da tolerância e da dependência. Como forma de compreender a regulação heteróloga da dependência foi estudada a participação de diferentes sistemas neuroquímicos do sistema opióide: dopaminérgico , noradrenérgico , serotonérgico, colinérgico, GABAérgico e peptidérgicos. Análises comprovaram que a abstinência conduz a maior libertação de noradrenalina ao nível do córtex e do hipocampo (relacionado com a expressão comportamental da abstinência) e menor libertação de dopamina.
A integração de mecanismos homólogos e heterólogos pode ser explicada através do locus coeruleus, estrutura implicada na expressão da dependência física que apresenta grande hiperactividade neuronal durante a abstinência.
O progresso técnico da Biologia Molecular permitiu um grande avanço na análise da base biológica da dependência. No estudo com ratos, através da supressão de genes responsáveis pela expressão de receptores opióides (um, delta e kappa), monoaminérgicos (dopaminérgicos D2) ou de factores de transcrição relacionados com as respostas intrecelulares dos opiáceos (CREB), foi identificado a função específica de receptores e mensageiros intrecelulares na manifestação da dependência opiácea.
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