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Waking Life
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Rapaz desperta após ouvir em sonho uma criança dizer que "sonhar é
destino". No mesmo sonho, era atropelado assim que descia de um carro-barco que lhe deu
carona. Saindo de casa, o rapaz terá então encontros com os mais variados tipos de pessoas:
filósofos, matemáticos, biólogos, suicidas, cada um lhe apresentando sua concepção da vida. Tais
experiências, no entanto, começarão a se misturar com os sonhos que vem tendo, cada vez mais
realistas, a ponto de seu próprio despertar ser posto em dúvida, diante das várias perspectivas
diferentes de realidade que vão surgindo à sua frente.


O cinema estava mesmo devendo um filme como esse Waking Life.
Inteligente e instigante, tanto na forma quanto no conteúdo, a pretensiosa divagação do
diretor/autor Richard Linklater a respeito do mecanismo que move os nossos sonhos consegue
inquietar, mesmo com a verborragia excessiva que dá início ao filme. Personagens anônimos
limitam-se a falar, falar, falar, utilizando conceitos acadêmicos complexos e se excedendo em
citações, num exercício de erudição e pedantismo que a falta de ação só faz tornar mais
cansativo. No entanto, mesmo esses instantes servem para reproduzir o clima de estranheza e
suspensão existente nos sonhos. Algo como uma monótona instabilidade, que o filme explicita no
delirante e belíssimo visual, onde os cenários urbanos jamais são estáticos, e cada rua ou
prédio parecem ondular como se feitos de gelatina, e boiar como se construídos sobre o oceano.
Uma linda trilha sonora a cargo de Glover Gill (e executada pelo Tosca Tango Orchestra, um quinteto de cordas mais um acordeon) acompanha a
jornada onírica do protagonista, que vê e ouve coisas que não fazem parte de sua memória, e
presencia tipos que vão dos mais comuns, como o casal dialogando na cama (e que, protagonizado por Ethan Hawke e Julie Delpy, aparecem em outros dois filmes do diretor, Antes do Amanhecer e Antes do Por do Sol), aos mais estranhos,
como o motorista que faz protestos no auto-falante do carro, ou o presidiário jurando vingança
aos que o prenderam, ou ainda os dois homens no bar, que encerram uma conversa sobre sonhos
disparando seus revólveres um contra o outro. Sequências que ilustram o que ainda há de mistério
no ato de sonhar, e que alguns explicam como uma espécie de visita ao mundo dos mortos, ou,
ainda, como um convite de Deus para a eternidade, que estamos sempre recebendo, mas que, ao
acordar, recusamos como quem diz "Agora não, obrigado". Incomodado com um seguido
despertar falso (nos sonhos, os textos e os números impressos tornam-se
incompreensíveis), o protagonista passa ao mesmo tempo a caminhar com maior desenvoltura sobre
esse estranho território, e nessa hora conquista a identificação do espectador que alguma vez já
teve consciência de estar dentro de um sonho, e que poderia até ser capaz controlar os seus
eventos.

Waking Life oferece várias possibilidades sem dar nenhuma resposta,
o que também não é seu objetivo. Leva à reflexão ao mesmo tempo que enternece, em cenas de
incomum bom gosto como a da dança de tango, ou na surpreendente beleza encontrada no "momento sagrado", constituído unicamente do silêncio entre duas pessoas ao término de uma
entrevista. Como num sonho, a narrativa muitas vezes se perde, se estende e é incoerente. Um
longo monólogo pode vir seguido de uma mulher idosa pintando um retrato no jardim. E, como num
sonho que fica na cabeça mesmo depois de acordarmos, o espectador que se deixar levar por
Waking Life dificilmente sairá do cinema sem um comichão por encontrar um interruptor de
luz.



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