O hóspede inquietante. O niilismo e os jovens
(Umberto Galimberti)
Um livro sobre os jovens, porque os jovens, embora nem sempre o saibam, estão doentes. E não pelas habituais crises existenciais que pontuam na juventude, mas porque um hóspede inquietante, o niilismo, está entre eles, penetra nos seus sentimentos, confunde os seus pensamentos, cancela perspectivas e horizontes, enfraquece a sua alma, entristece a paixão deixando-a sem sangue. As famílias alarmam-se, a escola não sabe mais o que fazer. Somente o mercado está interessado neles para levá-los por caminhos de divertimento e de consumo, onde aquilo que se consome é a sua própria vida, que não pode mais projetar-se num futuro capaz fazer vislumbrar alguma promessa. Escusado será dizer que o desconforto não é do indivíduo singular, a origem não é psicológica, mas cultural. Por isso parecem ineficazes os remédios preparados pela nossa cultura, seja na versão religiosa, porque Deus está realmente morto, seja na versão iluminista, porque não parece que a razão seja hoje o regulador das relações entre as pessoas. Resta apenas a "razão instrumental" que garante o progresso técnico, mas não uma abertura do horizonte de sentido pela inacção da aridez do pensamento e do sentimento. Existe uma saída? Pode-se pôr fora da porta o hóspede inquietante? Sim, se ensinarmos aos jovens a “arte de viver", como diziam os gregos, que consiste em reconhecer as próprias capacidades e em explicitá-las e vê-las florescer, segundo medida. Se propriamente através do niilismo os jovens, devidamente apoiados, soubessem dar este primeiro passo capaz de os despertar para a curiosidade e o enamoramento de si, o "hóspede inquietante" não passaria em vão.
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