Interpretação (psicanálise)
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Comunicação do terapeuta, feita ao paciente, visando lhe dar acesso racional (ego que se avalia e avalia) ao sentido real (latente) das palavras, gestos, traumas, situações vividas e comportamentos manifestos(verbalizados), que foram colhidos como material durante as sessões de psicoterapia. A interpretação traz à luz do paciente as modalidades do conflito defensivo e os desejos e produções do seu inconsciente, permitindo que ele compreenda a origem de seus problemas. A interpretação está no centro maior da doutrina e das técnicas da
psicanálise, podendo caracterizá-la como peça fundamental para o trabalho de perlaboração do paciente, frente aos seus conflitos e patologias, ou seja, a interpretação possibilita a eliminação do recalcado, pois é a base da
elaboração/perlaboração.
Foi a atitude freudiana para com o sonho que constituiu o primeiro exemplo e o modelo da interpretação. As teorias ?científicas? dos sonhos tentavam explicá-lo como fenômeno da vida mental, evocando uma redução da atividade psíquica, um relaxamento das associações das representações recalcadas. Algumas teorias definiam o sonho como uma atividade específica, mas nenhuma levava em consideração o seu conteúdo e a relação existente entre este e a história pessoal do sonhador. Em contrapartida, os métodos de interpretação do tipo ?chave dos sonhos (Antiguidade, Oriente) não desdenham o conteúdo do sonho e reconhecem nele um significado. Nesse sentido, Freud declarou-se ligado a esta tradição. Mas acentua a importância, no sonho, do simbolismo da pessoa ao sonhar, fruto da deformação produzida pelo superego, com o objetivo de proteger o ego. A interpretação levanta, descobre, a partir do relato feito pelo sonhador, (conteúdo manifesto), o sentido real do sonho tal qual ele é, transformado no conteúdo latente, ou seja, quais estruturas recalcadas estão na base do sonho.
É claro que o termo “interpretação” não é reservado, somente, a esta produção fundamental do inconsciente que é o sonho. Aplica-se às outras produções do inconsciente (atos falhos, sintomas etc.) e, mais geralmente, àquilo que, no discurso e no comportamento do sujeito, traz a marca do conflito defensivo (desejo x defesa) e do afeto (desagradável).
A comunicação da interpretação, sendo por excelência o modo de ação do analista, tem sempre o sentido técnico e científico daquilo que está sendo descoberto, como material que flui do inconsciente do paciente. A interpretação, neste sentido técnico, está presente desde as origens da psicanálise. Note-se, todavia, que na fase dos “Estudos sobre a Histeria, 1895, na medida em que o objetivo principal era fazer ressurgir as recordações patogênicas
inconscientes, a interpretação não era ainda definida como o modo principal da ação terapêutica.
Isso acontecerá logo que a técnica psicanalítica começar a se definir. A interpretação é então integrada na dinâmica do tratamento, como ilustra o artigo sobre “O manejo da interpretação dos sonhos na psicanálise, 1911: ?Afirmo, pois, que a interpretação dos sonhos não deve ser praticada, no decorrer do tratamento analítico, como uma arte em si mesma, sem nenhuma finalidade, mas sim para a eliminação do material patogênico recalcado”.
A interpretação coloca, no campo consciente, a origem de todo conflito psíquico, permitindo ao ego compreendê-lo e assim conhecê-lo, possibilitando ao paciente, lentamente, perlaborar este conflito (pelo uso da razão), fazendo-o não
temer mais seus desejos e tendências, levando-o a agir na busca da solução de seus conflitos internos X realidade.
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