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A Mulher do Piolho
(Contos do Brasil)

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Era uma vez um homem muito honesto e muito sério. Jovem ainda teve a desdita de casar com uma mulherzinha extrovertida e por demais faladeira.
Em um domingo, depois do almoço, o homem estava sentado debaixo de uma árvore, quase a cochilar, quando a mulher chegou querendo fazer-lhe cafuné.
O homem deitou a cabeça no seu colo e, cafuné para cá, cafuné para lá, acabou por dormir, enquanto a mulher mexia nos seus cabelos. De repente algo estranho atravessou correndo o couro cabeludo do homem.
Mais que depressa a mulher começou uma busca meticulosa e acabou encontrando um piolho.
– Um piolho!... Acorde marido! Há um piolho na sua cabeça.
Ele acordou assustado e logo viu o piolho esborrachado entre os polegares da esposa. Ficou encabulado, mas nada disse. Mas a mulher não parou mais de falar durante a tarde. A noite chegou e ela falando. O homem calado continuou. Noite adentro, volta e meia, a mulher exclamava:
– Marido, o piolho!...
No dia seguinte, o casal saiu bem cedo para fazer compras. O homem, envergonhado, ouvia que a mulher contava a todos que cruzavam o seu caminho o achado da véspera:
– Nem lhe conto: ontem eu encontrei um piolho na cabeça de meu marido.
– Um piolho!!! Todos que ouviam se escandalizavam.
– Sim, senhor. Um p-i-o-l-h-o.
O marido cada vez mais aborrecido, calado continuava. Entrava dia, saía noite, dormindo ou acordada, a conversa da mulher voltava sempre para o achado.
Já furioso, o marido arranjou uma focinheira de cachorro e pôs na boca da esposa. Ela pareceu surpresa, mas teve medo de protestar e se conservou em silêncio. Assim ele acreditou ter solucionado a questão. Mas a alegria durou pouco. Na feira, em casa, na missa, toda a vez que alguém olhava para os dois, ela não perdia tempo. Esfregava a unha do polegar direito na do esquerdo, como se estivesse matando um piolho, e apontava para a cabeça do marido.
Em total desespero, o marido carregou com ela para a beira de um rio fundo. Amarrou uma pesada pedra aos seus pés e lhe deu um empurrão. A pobre caiu na água e começou a se debater, tentando se manter à tona. Mas quando percebeu que algumas pessoas corriam em seu socorro, suspendeu os braços acima da cabeça e fez o gesto de esfregar as unhas dos polegares. Foi afundando, se afogando, mas sem deixar de fazer o gesto de matar o piolho.
Satisfeito o homem voltou para casa, crente de ter se livrado da desmoralização. Mas no dia seguinte quando foi à feira, todos se dirigiam a ele como o marido da mulher do piolho. Repetindo o que ele pensava ter sepultado. A história é antiga, mas quem nunca ouviu o dito: “teimosa como a mulher do piolho”?



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