Último romance de Graciliano Ramos, publicado em 1938, constituído, na realidade, de um conjunto de episódios da vida precária de uma família típica de nordestinos, castigada pela seca (Fabiano, Sinhá Vitória, os dois meninos), da qual também faz parte a cachorrinha Baleia, aqui elevada a categoria de Personagem.
A original estrutura da obra –série de quadros, praticamente autônomos, correspondentes aos capítulos (alguns foram publicados isoladamente, como verdadeiros contos) –não quebra sua unidade, como a crítica, sem discrepância, tem reconhecido.
Ao contrário de outros romancistas que versam o tema das secas, Graciliano Ramos não focalizou aqui os defeitos do flagelo nas populações das extensas áreas críticas; preferiu narrar diversas situações vividas por essa família, vitima não só dos rigores do tempo, mas da desonestidade do patrão e das arbitrariedades de uma autoridade ignorante. Os raros momentos de satisfação não adormecem as perspectivas sombrias de novas provações e sofrimentos, e o seu destino fica sujeito à vontade do proprietário das terras e aos caprichos da natureza. A estória cronologicamente se desenvolve num período intermediário de duas estiagens, e a característica cíclica do fenômeno está muito bem simbolizada pelos capítulos extremos, que se denominam apropriadamente “Mudança” e “Fuga”. Os do meio retratam momentos da existência simples, sem mistério, transcendência ou grandes esperanças desses pobres viventes.
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