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A Lenda dos Tatus Brancos
(Maria Rosa Moreira Lima)

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Alguns bandeirantes audaciosos caminharam dias seguidos em direção às Minas Gerais em busca de ouro e pedras preciosas. Um dia chegaram a um local desconhecido, onde os campos ficavam perto de cavernas imensas, escuras e tenebrosas. Apesar do local agreste, as tendas foram armadas para repouso merecido. Sentados em torno de uma fogueira, os viajantes escutavam as mais curiosas e absurdas histórias contadas pelos caboclos nativos que, ao mesmo tempo, insistiam para que levantassem acampamento o quanto antes pelo fato daquela região ser dominada por uma espécie de índios conhecidos como tatus brancos, habitantes das cavernas e, enxergando tão bem na escuridão como se tivessem olhos de coruja. Além desta qualidade excepcional, havia outra, e esta, verdadeiramente de apavorar, pois davam um imenso valor à carne humana, preferindo-a mesmo a qualquer caça. Além da predileção absurda, tinham um faro especial e sentiam o cheiro do alimento favorito à distância.
O chefe paulista, mostrou-se o mais interessado nos relatos sobre a sanha antropófaga da tal tribo e prometeu a si mesmo desvendar o mistério. Por isso não quis escutar os conselhos do mais experimentado caboclo, cujas palavras eram endossadas pelos outros guias também confirmando casos de pessoas sumidas, provavelmente levadas para as vastidões sombrias. Mesmo assim, o moço insistia em ficar no local, dizendo somente partir depois de certificar-se quanto à veracidade das histórias contadas por aqueles homens que, embora reconhecidamente valentes, manifestavam grande pavor ao ouvir o menor ruído. Certa noite de escuridão cerrada, a tropa descansava numa clareira. O silêncio era quebrado apenas pelo bater de asas de algum pássaro buscando o aconchego do ninho. Pouco a pouco os homens foram percebendo um clamor estranho. Eram muitas vozes juntas, inicialmente confusas pela distância, que se aproximavam rapidamente em direção ao acampamento. Os componentes do grupo paulista puseram-se de sobreaviso com as armas engatilhadas. Súbito, uma horda de pigmeus, saindo da escuridão, iniciou o ataque. O imprevisto do acontecimento impediu uma defensiva eficiente.
A luta foi renhida, mas rápida. Era a força dos homens contra a astúcia e agilidade assombrosa dos assaltantes. Os pequenos seres arrastavam para as trevas os corpos dilacerados e sem vida dos vencidos inclusive os agonizantes. O chefe da escolta, ferido levemente, em companhia dos subalternos foi levado para uma das cavernas dos agressores. Mas aconteceu o improvável: A princesa da tribo já vira o moço paulista e por ele se apaixonara, o que lhe dava o direito de dispor da vida do prisioneiro.
No âmago da caverna o valente bandeirante passa algum tempo desacordado e quando recupera os sentidos vê, junto de si, um pequeno vulto de mulher. Quando seus olhos vão se acostumando às trevas nota, com horror, o restante dos companheiros devorados pela horda sinistra. Naquele antro escuro, o detido permaneceu por muito tempo sempre vigiado pela jovem apaixonada.
Certa noite a malta assassina parte para os cerrados buscando alimento humano. Aproveitando a oportunidade, o moço deixa-se envolver pela turba apressada dos pigmeus e, sem ser notado, consegue sair também da caverna, mas sempre vigiado pela amorosa companheira. Enfraquecido, não consegue chegar a saída da gruta e, exausto pela falta de alimentação, faz um sinal para descansar. Deitam-se no chão. Ele apesar de tudo, alimentando a esperança de alcançar a liberdade, finge adormecer, enquanto a jovem a seu lado é dominada pelo sono. Disfarçadamente o prisioneiro aguarda o nascer do sol para ver onde se encontrava e quando os clarões da madrugada surgiram, levanta-se com muito cuidado e tenta fugir. No mesmo instante a moça acorda e, atordoada com a claridade, num esforço tenta arrastar o homem para o negrume da caverna. Naquele momento de aflição ele conseguiu observá-la. Era uma pequenina mulher, mal atingindo a metade da altura de um homem de baixa estatura, pele clara de quem nunca sentiu os raios solares, os cabelos longos de um louro sem vida. Os olhos eram de um azul esbranquiçado e ela gemendo procurava conservá-los fechados ou protegê-los da claridade com uma das mãos, enquanto com a outra buscava o companheiro, desta maneira caminhando às tontas como se fosse inteiramente cega. O moço desvencilhando-se da criatura foge em desabalada carreira, daquele local maldito dominado pela tribo dos tatus brancos, considerados os mais ferozes canibais que infestavam aquela região do ouro.



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