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O Grande Mentecapto
(Fernando Sabino)

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Todo
o romance gira em torno de Geraldo Viramundo e seus inumeráveis apelidos. Filho
de um português com uma italiana. Seu nome de batismo: Geraldo Boaventura. Seu
nome de nobreza: José Geraldo Peres da Nóbrega e Silva. Sua glória e
imortalidade: Viramundo.

Um
doido manso (segundo os padrões tradicionais com que a sociedade mede
normalidade e anormalidade) que saiu pelo mundo (das Minas Gerais), vivendo e
sofrendo, em procura da liberdade.

Nasceu
e viveu sua infância em Rio Acima: fez tudo que os meninos da sua idade
costumam fazer. Brincou muito no rio. Fez parar o trem que não parava nunca na
sua cidade. Apostou que faria parar o trem e ganhou a aposta de quinze amigos,
treze meninos e duas meninas. Com a façanha começa a virar herói. (Para parar o
trem, ficou no meio da linha. O maquinista não teve outro recurso. Freou a composição.
E xingou muito...).

Um
dia, de conversa com o Pe. Limeira, manifestou vontade de ser padre. Houve
choradeira geral em casa. E ele foi para Mariana. Nada ou quase nada se sabe de
sua vida no seminário. O certo é que um dia se meteu num confessionário e ouviu
as inconfidências da viúva Correia Lopes, D. Pretolina, vulgarmente chamada de
Peidolina. Descoberta a malandragem, foi expulso da casa sagrada... E começou a
palmilhar os caminhos da vida: tinha 18 anos e se chamou Viramundo.

Suas
andanças abrangem numerosas cidades mineiras, de todos os cantos e tamanhos,
até chegar a Belo Horizonte. Sempre metido em aventuras e desventuras. Foi em
Ouro Preto que conheceu a amada do seu coração - Marília Ladisbão, filha de
Clarismundo Ladisbão, Governador Geral das Minhas Gerais. E o amor lhe trouxe
muitas amolações. No meio dos estudantes que vão representar para o Governador,
atrapalha tudo, erra o seu papel, é surrado e acaba num hospital. Numa festa ao
Governador, o herói se mete em comilanças e acaba com uma enorme dor de
barriga. O toalete estava ocupado. Não podia esperar. Subiu uma escada,
encontrou um cano, certamente do esgoto, e o jeito foi descarregar no dito
cano. O cano descia livre, condutor de ar, em cima de um ventilador... A festa
acabou.

Sem
a companhia da amada, Viramundo deixa Ouro Preto. Esteve em Barcelona, acabou
num hospício e candidato a prefeito. Depois foi servir à Pátria num quartel.
Foram tantas e tamanhas as suas atrapalhadas que foi devolvido à vida civil.
Esteve em São João Del Rei, andou preso em Tiradentes, onde conheceu o João
Toco que contou sua própria vida. Até os profetas do Aleijadinho, em Congonhas,
conheceram o grande mentecapto. Em Uberaba pegou touro à unha. Andou de ceca em
Meca, cumprindo o seu destino de andejo.

Em
Belo Horizonte, metido com uma multidão de mendigos, prostitutas, vagabundos,
desocupados e injustiçados, faz uma revolução. E com apoio de muitos políticos
da oposição, parlamenta com o governador, sem nada resolver.

A
polícia cercou a Praça da Liberdade, dissolveu a multidão, acabou com a
revolução do herói Viramundo. E ele com dois companheiros amigos fiéis, o
Capitão Batatinhas e Barbeca (vendedor de esterco), se meteu em direção do Rio
de Janeiro. Em protesto cívico, diante do Presidente, iam reivindicar os direitos
dos injustiçados. Não chegou lá. No meio do caminho, perto de sua terra, foi
amarrado, espancado e, com uma estocada no peito desferida pelo próprio irmão,
fechou os olhos para este vale de lágrimas.

Geraldo
Boaventura, 33 anos, sem profissão, natural de Rio Acima, foi enterrado como indigente
numa cova rasa do cemitério local. Causa mortis: ignorada. Foi assim que
Geraldo Viramundo e todos os outros seus numerosos apelidos deixou o anonimato
em que vivera, sofrera e morrera, para entrar na imortalidade.



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