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Os terrestres - The Terrestrials
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O documentário The Terrestrials (Os terrestres) parece mais do que a contação da história de Timothy Leary, pioneiro do psicodelismo movido a LDS (ácido lisérgico extraído do fungo do centeio), por meio de recortes encontrados em arquivos. O próprio psicólogo Leary, estandarte da liberdade do inconsciente, estranhamente pede que as cinzas de sua cremação sejam jogadas no espaço orbital da Terra, porque lá ficariam eternamente.
As portas da percepção, será?, serviriam para este tipo de desfecho? Delírio de que o pó pensa, tem consciente e inconsciente... Seria ignorância demais para quem viajou tanto em vida e sem nave alguma?... Ou a metonímia delirante em que a matéria morta guarda em cada filigrana o pensamento do que um dia foi o todo com vida?
Há um fio condutor, um enredo, que ultrapassa a intenção de ser apenas um documentário. Uma moça tem uma súbita e desvairada paixão por um rapaz. Adoentada pela paixão não correspondida, ela delira e alucina seu objeto de desejo, que cada vez mais se distancia. Usa LSD, o que talvez aumente a somatização que a deixa acamada, seus delírios e alucinações. Porém, nada que venha de fora. Seus medos mais secretos afloram e, em especial, o conflito interno gerado pelo relacionamento difícil com a mãe. Após o fim da paixão, ela volta-se à conquista da mãe, finalmente acolhedora dos bons afetos da filha. Parece ter encontrado algum amparo, bons afetos. O amor é "antipirético". Em "O mal-estar na civilização", Sigmund Freud escreve sobre o "sentimento oceânico", cuja ausência dá lugar à alucinação que surge do desamparo pela perda do objeto (o outro). O pai da psicanálise faz a conexão desamparo-alucinação. Seria então o uso de LSD e outras drogas alucinógenas uma espécie de suplência ao desamparo? Ao esquecimento do que mais enlouquece: não ser amado pelo outro - não qualquer outro, e sim o objeto de amor primário, a mãe, e suas representações ao longo da vida.
O moço, por quem a apaixonada se acaba em somatizações e uso de LSD, é bastante retraído e calado. Toca numa banda da faculdade, mas parece não ter grande intimidade com o palco e o público. Lembra, em pequena escala, a história de Syd Barret, primeiro vocalista, guitarrista e principal compositor da banda inglesa Pink Floyd. Barret tinha surtos antes de enfrentar palco e platéia, o que começou a impedi-lo de realizar shows. Ele tinha menos de 20 anos, usava psicotrópicos, era o início do Pink Floyd.
Mais tarde, Syd Barret foi diagnosticado com síndrome de asperger, um tipo de autismo brando (transtorno do espectro da esquizofrenia). Por hipótese, o inegável e inimitável brilhantismo do músico não deveria ultrapassar jamais as paredes de estúdios de gravação: sua frágil estrutura psíquica talvez não suportasse a inexistência de fronteiras (barreiras) entre ele e os outros - tudo fica como numa fusão/com fusão/confusão/dissolução.
Esta sensação de fusão é descrita pela personagem do filme-documentário sobre Leary. O rapaz descreve o sentimento que teve com uma garota, com a qual conseguiu o estado de fusão, ainda que fugaz, como se fosse o desdobramento de uma neurose narcísica. Ensimesmado e isolado, desperta a curiosidade de quem o cerca e faz pensar em possibilidades como a de iluminação, de alguém especial, enfim, na aura de mistério e excentricidade dos que se recusam à massificação.
Será que o LSD leva a estados esquizofrênicos? Pessoalemnte sei da história de um roqueiro brasileiro que algumas vezes antes de fazer shows usou LSD e ficou impossibilitado de atuar. Seqüestrado por alucinações, não conseguia mover-se na realidade. O LSD causa apagões, ausências e amnésias em até seis meses após o uso, dizem os entendidos na prática e os especialistas na teoria.
Bem, mas voltando ao documentário, os universitários tentam buscar o tempo perdido e encontram os hippies dos anos 60 festejando a vida - que sobrou. Nada mais é como antes, não houve reinvenção. Apenas sobreviveram o LSD e a maconha como drogas de contato (com o inconsciente), enquanto outras, como cocaína e crack fazem o jogo do capitalismo desenfreado. Turbinam os jogadores para que dêem o máximo de si e jamais durmam ou os anestesiam e os colocam eternamente no banco de reservas, respectivamente. Porque a principal regra do capitalismo é a do grande excedente -- não pode haver lugar para todos. O efeito das ilícitas pouco difere do das drogas lícitas - mas, que se saiba, nenhuma imitativa do LSD.
A sinopse a seguir foi copiada de: http://35.mostra.org/filme/the-terrestrials/

Um grupo de estudantes na Universidade da Califórnia – Santa Cruz digitaliza os arquivos deixados por Timothy Leary, pioneiro do psicodelismo. Eles leem sobre os dias de Leary como professor em Harvard, seus anos na prisão por porte de drogas, seguidos por uma audaciosa fuga e a consequente vida como fugitivo, caçado pelo mundo por promover “estados mentais não autorizados”. Sem idolatrar ou demonizar Leary, os estudantes descobrem nele um filósofo cujos pensamentos e previsões sobre a expansão da mente, computadores e a internet, migração para o espaço e outros temas de ficção científica parecem mais verdadeiros hoje do que quando estava vivo.



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