Monsenhor Quixote 
(Luciano Ornelas)
  
Monsenhor
 Quixote é uma novela escrita por Graham Greene. O livro
 faz uma reconstituição do romance espanhol Don Quixote de Miguel de Cervantes
 com várias cenas cômicas, mas também entra em discussão no que diz respeito à
 vida pós-ditadura, comunismo e a fé católica.
 
 Em
 Toboso, uma pequena cidade do interior da Espanha, convivem mal um velho padre
 católico e o prefeito comunista. Por ideologia e temperamento, mal se
 relacionam. Quando se encontram, por obrigação social, as ofensas são
 inevitáveis.  Mas o padre está
 envelhecendo e tem sérios problemas com o seu bispo, que de Roma emana ordens
 absurdas e incompreensíveis. Até que chega um jovem padre para substituí-lo e o
 velho decide ir embora da cidade.
 
 O prefeito comunista também começa a enfrentar resistências na sua comunidade,
 que passa a resistir ao seu empenho na implantação do socialismo. Cidade
 interiorana e conservadora, recusa seus métodos baseados nas receitas de Marx.
 Afinal, a Espanha mal saíra da dominação do generalíssimo Franco, que por 50
 anos se manteve no poder com o apoio da Igreja Católica. O prefeito, que prega
 abertamente o ateísmo, conclui que seus conterrâneos não estão preparados para
 o novo caminho, o socialismo, a salvação do mundo. E decide também partir.
 
 O
 prefeito não tem condução própria, assim, o agora ex-prefeito aceita a carona
 oferecida de mau grado pelo ex-vigário. O carro do padre é um velho Trabusi,
 que Greene compara a Rocinante, o cavalo de Dom Quixote.
 Um carrinho velho que o padre põe na estrada e os dois partem sem rumo Espanha
 afora. Colocam no porta-malas suas rotas malinhas e completam com garrafas do
 delicioso vinho da região.
 Sem dinheiro, dormem pela estrada e bebem, cada vez mais. Nesta fase, ainda são
 quase inimigos. E desde o início da viagem produzem diálogos antológicos, cada
 qual defendendo com fervor sua convicção.  
 Em alguns momentos o padre se empolga com o próprio discurso e tenta provar ao
 prefeito que a salvação está no Senhor; que o caminho é a Santíssima Trindade.
 O prefeito se enfurece e retruca.
 
 O
 caminho é a trindade Marx, Engels e Lenin – o novo mundo, a única possibilidade
 de salvação do mundo. Depois, se o Senhor era a salvação, por que a humanidade
 ainda se encontra neste estado?
 
 A discussão fica elevada e, obviamente, jamais chegarão a um acordo.
 - Se a Santíssima Trindade é a salvação, por que Ela não impediu a Santa
 Inquisição? – provoca o prefeito.
 - E se Marx, Engels e Lenin queriam a igualdade entre os homens, por que não
 impediram a matança chefiada por Stálin? – retrucou o padre.
 Aos poucos a viagem dos dois se transforma numa aventura, cada qual enfrentando
 seus infortúnios. À medida que aumentam seus problemas, os embates teológicos
 vão perdendo o espaço para os mais simples confrontos do dia a dia, como o de
 procurar água ou encontrar a melhor sombra para o repouso. Haja vinho e a
 conseqüente ressaca do dia seguinte. O que importa é que agora são amigos. E
 enfrentam seus moinhos de vento – no caso, a polícia, que vem vindo aí atrás em
 seu encalço. 
 
  
 
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