Mais do que parece ser, menos do que poderia ser
(Erin E. Moulton)
Cheguei a ler uma resenha negativa sobre o livro, alegando que ele é muito fantasioso por usar duas crianças para protagonizarem uma aventura particularmente perigosa. Até é, mas acho que o foco da história é muito peculiar para se preocupar com as passagens mirabolantes, que, afinal, não passam de um mero detalhe - vou justificando meu parecer aos poucos."A Jornada" nos conta sobre as irmãs Rittle: Dawn, a mais velha metida a sabichona, Beetle, a bebê que pouco aparece e Mapple, a irmã do meio e personagem-chave da trama. Quem desencadeia a história é a caçula Lizzy, que nasce prematuramente e corre risco de perder a vida. Diante dessa situação, Mapple e Dawn se arriscam em uma jornada na floresta, em busca do milagre para salvar a vida da recém-nascida - milagre este que, rezava a lenda, era concedido pela Mulher Sábia da Montanha àqueles que mais careciam.Se analisado de maneira clínica e fria, é, sim, um enredo descabido para ser vivenciado por duas inocentes garotinhas. Sobreviver às intempéries e armadilhas da floresta não é coisa de criança. Entretanto, acho que isso é o de menos. Com um olhar mais sensitivo e apurado, entende-se que o livro é uma cativante mensagem sobre fraternidade e ilimitação do amor. A coragem e destreza com que as meninas enfrentam as adversidades é justamente uma tradução daquilo que se pode fazer por amor. A singularidade é o aparecimento esporádico de uma borboleta monarca durante toda a narrativa. A presença dela é sempre muito subjetiva, o que eu considero sensacional; falo sério, sou fascinada por subjetividades. O que há de melhor do que um(a) autor(a) que nos dá liberdade de refletir e interpretar determinados acontecimentos de sua obra?Permita-me, leitor, compartilhar minha teoria sobre a monarca: o milagre é ela. Percebe-se que ao longo de toda a trajetória a borboleta indica direções e passa motivação à nossa narradora em primeira pessoa, a Mapple. É uma espécie de "luz" para a menina. A conexão entre Mapple e a monarca é muito evidente e, para mim, essa união subentendida é uma metáfora que representa a fraternidade.Texto simples e leitura fluita, dá pra ler em um dia. Foram três estrelas devido à simplicidade do livro, que poderia abordar o mesmo tema de forma mais articulada, sagaz e meditativa.
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