Por que (NÂO) ensinar gramática na escola
(POSSENTI; Sírio)
O titulo desse livro causa uma certa ambigüidade, pois permite duas possibilidades de interpretação: ensinar e não ensinar gramática na escola. Dois sentidos opostos que conduzem o leitor a uma reflexão, que se faz necessário destrinchá-la a seguir.
Quando se trata de preconceito lingüístico pode-se dizer, de um modo equivocado, que ao ensinar a língua padrão em sala de aula o educador está discriminando o dialeto utilizado pelos estudantes ou que simplesmente os estudantes não têm capacidade suficiente para aprender a norma culta, pois se trata de uma linguagem difícil de ser dominada.
Partindo desse ponto, vale lembrar que o educador tem o compromisso de esclarecer ao educando a importância da língua padrão e sua necessidade em aprendê-la. Uma vez que o educando entende que na Língua Portuguesa há diferenças entre a língua padrão e os seus dialetos, e que ambos estão corretos, encerra-se o problema do preconceito lingüístico; lembrando que a língua padrão é apenas diferente e não “mais difícil” de se aprender.
Além disso, não é possível retirar a gramática do currículo escolar, uma vez que o educando não terá acesso à norma culta fora do ambiente acadêmico. Deve-se encontrar, a partir desses pontos, um meio termo equilibrado que envolva a Língua Portuguesa como um todo, incluindo a literatura e os aspectos lingüísticos. Em linhas gerais, o educador deve buscar continuamente um método que desenvolva a lado crítico do educando enquanto cidadão pensante e agente na sociedade e não se fixar simplesmente no ensino da gramática normativa.
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