Resumo de Spider - Desafie sua Mente -

Spider – Desafie sua mente, dirigido por David Cronenberg e baseado em romance ficcional de Patrick McGrath, trata dos traços de uma psicose (esquizofrenia paranóide) que mantém o sujeito (Ralph Fiennes como o protagonista Dennis “Spider” Cleg, adulto, e Bradley Hall, como jovem) refém de delírios e alucinações envolvendo o desejo de morte em relação à mãe.
Dennis aprende com a mãe que as teias de aranha que ela encontrava em árvores, durante seus passeios no interior, onde morava, serviam para protegê-las, como armadilha para alimentá-las e a seus filhotes.
A relação de Dennis com a mãe, quando criança, não parece ter sido interditada pelo pai. O menino, então, torna-se muito ligado à mãe, como que fundindo-se a ela. As dores da mãe são as dele que, ao perceber a mãe sofrendo com as idas do pai ao bar todas as noites, antes de retornar à casa, passa a delirar que o pai tem uma amante prostituta.
Acreditando piamente no que delira e alucina, Dennis cria a certeza de que o pai, tendo a prostituta como cúmplice, matou a mãe, e a meretriz tomou seu lugar em casa. Delírio que talvez se explique pela opção da mãe em continuar “namorada” do pai, mantendo sua função sexual, e na cabeça de Dennis se transformar em prostituta.
Nas lembranças do homem já adulto, há também o episódio do homicídio da mãe-prostituta. O pai, desesperado, coloca na rua a esposa morta por asfixia provocada por gás de cozinha em armadilha preparada por Dennis, que observa tudo impassível, até escutar o pai dizer que o filho matou a mãe - passagem ao ato. O rosto de prostituta transforma-se no da mãe de Dennis. É a primeira internação.
O delírio de Spider é organizado, como se servisse para encobrir a renegação da passagem do Complexo de Édipo pelo sujeito. Dennis não quer separar-se da mãe, que mostra claramente seu interesse pelo marido, como homem. O pai pouco se relaciona com o filho e em uma das chances que tem de dirigir-se a Dennis, o que poderia ser uma tentativa de retirá-lo do delírio, já é tarde.
Ao observar o comportamento estranho, retraído e desconfiado do filho, que chega a acusá-lo de assassino, o pai diz ao filho que na sua idade tinha vários amigos. E que talvez seu mal seja o de não ter amigos e ficar inventando histórias no seu mundo fechado.
Psicóticos deliram histórias encobridoras e a sua certeza sobre os enredos os diferenciam dos neuróticos - que até têm pensamentos persecutórios, delirantes e alucinatórios, mas voltam à realidade. Os psicóticos não voltam à realidade, porque nunca se inseriram nela. Como no caso da castração. Dennis mostra que não quer abdicar da proteção da mãe.
E como se não quisesse sair da rede protetora, engendra teias de aranha nos quartos que habita. Na própria casa, após o suposto assassinato da mãe, pelo pai, e depois, na casa de ex-internos em hospitais psiquiátricos que o abriga, já adulto. Também vê nos rostos de outras mulheres a prostituta usurpadora, como no caso da dona da casa que abriga ex-exilados em hospícios. Na verdade, é a mãe de Dennis que o toma completamente em lugar de todo e qualquer novo vínculo que poderia vir a ser.

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