Ser independente; uma escolha ou a falta dela?
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A cena de música independente cresce cada vez
mais e abre espaço para as bandas novas apresentarem seu trabalho no mercado
fonográfico.
Casa de show lotada,
multidão aguardando ansiosa e centenas de pessoas do lado de fora esperando a
fila andar; este poderia ser o cenário que ilustra a rotina de muitas bandas
que são expostas na mídia e ganham grande repercussão por serem famosas. O
sucesso e a fama, poderiam talvez serem as maiores ostentações de quem deseja
ter seu trabalho reconhecido. Mas será que estes itens só são validos, quando
existe por trás disso tudo: propaganda, marketing, interesses comerciais e
status como fonte de dinheiro? Os quinze minutos de fama, até podem perdurar, o
que não é difícil com tamanha exposição na televisão e os famosos “jabás” no
rádio; que são as compras de tempo em determinadas estações para tocar a música
escolhida, o que faz dela a canção mais tocada da semana. Cantores e bandas de
diversos estilos iniciam suas carreiras nas condições de anônimos, e o porvir
fica de acordo com o que almejam. Se continuarão ou não a fazer parte deste
meio, fica a critério de cada um. Oportunidades aparecem, porém com todas as
opções oferecidas, ainda há os que não abrem mão de suas crenças e atitudes,
como a banda de hardcore Nitrominds, que está na estrada há 17 anos, e conta
com uma legião de fãs em suas apresentações. Da cidade de Santo André, região
metropolitana de São Paulo, eles já se apresentaram em diversas cidades, entre
outros países, abrindo shows de bandas grandes como Bambix e Sublime
recentemente. No entanto, não fazem parte do seleto grupo de bandas famosas no
meio da indústria musical. Cantando em inglês, o conjunto recebeu proposta para
assinar com uma grande gravadora, com a condição de cantar em português, o que
supostamente iria facilitar na vendas de CDs, porém André Alves, vocalista da
banda, informa que não se submeteram a essa regra pelo fato de participarem de
várias turnês pela Europa e que jamais mudariam de estilo para agradar os
chupadores de sangue, assim chamado por ele. A parte financeira é um grande
ponto a discutir, quem vive de música não conta sempre com um salário fixo no
final do mês. Seja cantores de barzinho, bandas de baile ou instrumentistas, a
situação nem sempre é fácil. André comenta que se houver agenda que propicie
uma quantidade razoável de shows, dá para uma banda sobreviver com a música. E
quanto ao fato de divulgação e o trabalho da indústria musical ele é claro: “As
pessoas tem essa informação hoje, existem várias ferramentas como facebook e
outros sites, porém muitas vezes a indústria ajuda, mas como disse antes,
também atrapalha”, completa André.
Liberdade de expressão como forma de manifesto
Poder cantar o que se
gosta é mais que um desabafo. Essa declaração vem do vocalista da banda Zero
KM/HC, da baixada santista, Gustavo Neves. Tocando desde 2003, ele nos conta
que as dificuldades que enfrentam, às vezes vêm da desunião que existe entre
outros conjuntos da mesma vertente. Por tocarem uma espécie de som pouco
comercializado, o hardcore; os meninos acreditam que ainda chegará a hora do
estilo ser prestigiado, mas por enquanto, ficará restrito as pessoas que curtem
e vão atrás das novidades. Gustavo conta que durante o tempo de banda, nunca receberam
propostas para gravar, e caso aparecesse uma chance, não veriam a necessidade
de trocar o jeito com que se apresentam; em relação ao trabalho que fazem em
primeiro lugar eles são categóricos em dizer que tocam o som que gostam. E
apesar de todas as batalhas que enfrentam, o estimulo que os determinam
continuar, vem das pessoas que se identificam com o que eles querem dizer.
Financeiramente, Gustavo, conhecido como Guga não esconde que há obstáculos:
“Nunca deixamos de ser uma banda de garagem, quem sustenta a banda somos nós
mesmo, cada integrante tem empregos bem diferentes que não estão relacionados
ao que o grupo faz, mas o que nos incentiva a continuar é aquela coisa que a
música tem que não dá explicar”, complementa Gustavo.
Não tocar nas rádios,
ou não ir aos programas de televisão, não faz com que uma banda seja melhor ou
pior que a outra. Infelizmente na indústria da música, há outros fatores
envolvidos que acabam dificultando a divulgação de conjuntos ou cantores de
qualidade, porém quem gosta de música boa, tem hoje com todo o aparato
tecnológico, meios de obter informações e materiais das bandas que gostam,
basta correr atrás e prestigiar o trabalho de quem batalha por um lugar ao sol.
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