O Alimento dos Deuses
(Lucas Murtinho)
Romance de ficção científica escrito por H.G.Wells e lançado
originalmente em 1904.
O principal tema do livro é o conflito entre os seres
humanos normais e os jovens gigantes criados pela ingestão da Herakleoforbia, o
Alimento dos Deuses. Os humanos normais se dividem entre aqueles que incentivam
os gigantes (como o engenheiro Cossar e o cientista Redstone) e os que defendem
o extermínio ou a segregação dos mesmos (liderados pelo político Caterham). É a
clássica disputa entre progresso e conservadorismo, entre os que estão e os que
não estão dispostos a suportar os sofrimentos que surgem junto com as mudanças
científicas.
Há algumas variações no romance de Wells, que sustentam o interesse do leitor
até o fim: a vida de um menino gigante numa pequena aldeia inglesa, o amor
nascente entre o filho de Redstone e uma princesa, a batalha final entre
gigantes e "pigmeus". Mas todas essas histórias não conseguem se
desenvolver muito, esmagadas pelo peso da metáfora em que todos os
acontecimentos do livro devem se encaixar. A vida do jovem Caddles, que sai da
sua aldeia natal para morrer miseravelmente em Londres, é fascinante, mas o que
vemos dela é um resumo apressado. Pudéssemos ver mais, e estivesse o autor
disposto a ver seu personagem como algo além de um instrumento alegórico, e o
livro poderia ser muito melhor.
Mesmo no campo da parábola, Wells não vai tão longe quanto poderia. O que
aconteceria se um bebê gigante tomasse Herakleoforbia, e também seu filho, e
também seu neto? Wells não responde, e na verdade nem pergunta. Talvez porque o
crescimento realmente desenfreado sugeriria a necessidade de um limite, indo
contra a defesa do progresso científico a todo custo.
Uma grata surpresa foi o bom humor do livro - especialmente na primeira parte:
o surgimento dor primeiros efeitos do Alimento (ratos, galinhas e vespas
gigantes), o casal de caipiras que cuida da fazenda em que a experiência é
feita, a revolta do público contra um dos cientistas responsáveis pela criação
da Herakleofobia, são episódios em que o humor preciso e elegante predomina. À
medida que o livro avança, o tema fica mais sombrio e as passagens engraçadas
tornam-se mais esparsas. Mas são elas as únicas válvulas de escape de um
romance que merecia ser mais arejado.
O
autor, embora chame a atenção para os perigos da manipulação indiscriminada de
forças desconhecidas da natureza, está muito mais interessado na denúncia
daqueles obscurantistas que, a pretexto de preservar uma normalidade que não
pode deixar de ser transitória, simplesmente externam os seus pavores
instintivos, atávicos, selvagens, do desconhecido - o campo da ciência.
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