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A gíria na sociedade
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Quando se fala em gíria a primeira coisa que muitas
pessoas pensam é que gíria é coisa de jovens e que é passageira, da idade, e
que assim que eles “crescerem” e se tornarem adultos vão parar de usar gírias e
“aprender a falar como gente normal”.

Esse tipo de critica ou comentário vem dos pais,
professores ou pessoas que estão em contato com jovens e vêem essa manifestação
lingüística conhecida como gíria de forma preconceituosa.

O jovem ou adolescente que usa gírias às vezes é visto como
alguém que não se preocupa com a “língua correta” ou então que faz questão de
falar “errado” só para frustrar os adultos.

O que essas pessoas que criticam os jovens por usarem
gírias não se lembram é que no tempo em que eram jovens eles também usavam gírias.
Com certeza não eram as mesmas que os jovens de hoje usam, mas mesmo assim eles
usavam e alguns ainda continuam usando.

Qualquer adolescente que tenha um pai ou mãe que se
considera “moderno” sabe do que estou falando. A todo custo os adultos tentam
penetrar no universo jovem dos filhos e geralmente tentam interagir por meio da
linguagem, mas ao contrário dos filhos que usam gírias atuais, os pais usam as
gírias de seu tempo.

Um pai ou mãe que viveu sua juventude na década de 70
por exemplo deve ter usado gírias como: e ai bicho (amigo camarada), tudo jóia (tudo bem)? Que eram compreendidas por outros jovens sem nenhum
problema, mas que ficam deslocadas quando são faladas no meio de jovens de
hoje.

A gíria é um meio de expressão oral e informal, que pode
ser de grupo ou comum. A gíria de grupo é um vocabulário particular de grupos
sociais restritos (Preti, 2004), ou seja, é algo exclusivo de um grupo de
indivíduos que tem em comum serem jovens ou skatistas ou patricinhas ou
qualquer outro grupo social.

Esses grupos específicos determinam um uso diferente
para determinadas palavras e as vezes somente os que participam desse grupo
conseguem entender, excluindo outros indivíduos da participação.

Já a gíria comum é quando pelo contato dos grupos
restritos com o restante da sociedade a linguagem desses grupos se divulga e se
espalha começando a fazer parte do vocabulário popular (Preti, 2004), ou seja,
quando a gíria de um grupo acaba incorporada a fala de pessoas que não fazem
parte do grupo.

Como exemplo a situação seguinte, ao ver uma garota
bonita passando os fankeiros poderiam chamá-la de tchutchuca, os skatistas
poderiam dizer mina, um pai que foi
jovem na década de 80 diria gatinha e o avô que foi jovem na
década de 40 poderia dizer brotinho.

Os dois primeiros exemplos, tchutchuca e mina
são gírias de grupo, pois pertencem a indivíduos de um mesmo grupo social, os
fankeiros e os skatistas. Já os dois últimos exemplos, gatinha e brotinho,
são exemplos de gíria comum, pois eram usados pelos jovens em geral nas décadas
de 80 e de 40 e não só por um grupo especifico de jovens.

A gíria é um fenômeno lingüístico que já acontece há
muito tempo, provavelmente sempre que houve linguagem houve também uma maneira
diferente de cada um fazer uso dessa linguagem, mas que só agora esse fenômeno começa
a ser compreendido com os estudos lingüísticos que vem se dedicando a entender
melhor as gírias e como elas são utilizadas.

Ao contrário do que os pais, professores e puristas da
língua afirmam a gíria não é “linguagem de malandro”, é a identificação
cultural dos grupos e das pessoas e mostra como a língua é viva e se renova
criando as mais variadas formas para que as pessoas possam se expressar.

Não se prega aqui que todos parem de falar a língua
culta e comecem a sair por ai falando gírias, pois a gíria é unicamente
expressão oral informal e só como tal deve ser usada.

Quando exigida pela situação, por exemplo uma entrevista
de emprego ou uma apresentação formal, a língua culta deve ser usada, porém não
há mal nenhum em se utilizar de gírias numa conversa informal num bar, num
shopping ou em casa.

A função da gíria na linguagem é facilitar a
comunicação, tornando-a mais dinâmica, simples, ousada e direta, criando entre
os falantes um elo de interação e identificação.

Por causa desse “papel social” da gíria é que ela se
renova tanto e com tantas variações, pois precisa estar sempre atendendo as
necessidades dos falantes da época, sendo descartada assim que deixa de cumprir
sua função facilitadora da comunicação.



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