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Gêneros do discurso na perspectiva dialógica da linguagem: Bakhtin
(RODRIGUES; R. H)

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Gêneros do
discurso na perspectiva dialógica da linguagem: abordagem de Bakhtin. In: MEURER, J. L.; BONINI,
A.; MOTTA-ROTH, D. (orgs) Gêneros:
teorias, métodos, debates. p. 153-183 Rodrigues começa seu artigo
dando uma breve visão geral do percurso trilhado pelos textos bakhtinianos desde
sua produção nas décadas iniciais do século XX, até quando tais escritos
finalmente vieram a público, na década de 60, salientando a importância não só
destes textos, mas também de outros autores do chamado Círculo de Bakhtin, do qual outros autores russos contemporâneos de
Bakhtin, como Voloshinov e Medvedev, faziam parte.Rodrigues justifica a
importância de seu estudo ao ressaltar que mesmo não sendo intenção desses
autores dedicar suas teorias à preocupações com o processo de
ensino/aprendizagem, suas propostas mostram-se altamente atuais a respeito do
ensino de língua, tanto materna quanto estrangeira, por meio da interação com
enunciados concretos e efetivos, realizados sempre dentro de gêneros do
discurso.

Como fundamentação teórica,
antes de entrar propriamente na questão da perspectiva dialógica abordada por
Bakhtin, a autora julga necessário um breve esclarecimento quanto a diversidade
de termos utilizados para o mesmo conceito, uma vez que traduções diferentes do
russo para o inglês, ou do russo para o português, trazem nomes diferentes para
a categorização do mesmo fenômeno.

Ainda nessas considerações
prévias, Rodrigues afirma que antes de partir para a apresentação da noção de
gêneros do discurso proposta por Bakhtin, é necessário que se compreenda também
idéias relativas à concepção sócio-histórica e ideológica da linguagem, o
caráter sócio-histórico, ideológico e semiótico da consciência, e a realidade
dialógica da linguagem e da consciência, sem desassociar tais idéias das noções
de interação verbal, comunicação discursiva, língua, discurso, texto, enunciado
e atividade humana, uma vez que a noção de gêneros do discurso bakhtiniana é
intrinsecamente dependente desse conjunto de idéias.

Assim, como também fez
Rodrigues, sub-tópicos específicos serão usados para facilitar a esquematização
desses conceitos:

- O enunciado:
unidade real e concreta da comunicação discursiva

Segunda a autora, para
Bakhtin, o discurso sempre se realiza por meio de enunciados (orais ou
escritos) proferidos dentro das esferas de atividade social humana. Por
realizar-se sempre dentro da interação verbal, o enunciado é algo único que
nunca se repete, podendo, no máximo, ser citado novamente, mas nunca repetido.

Para melhor definir a idéia
de enunciado, outros conceitos como língua e discurso também são discutidos.
Para os autores do Círculo, tais termos são possíveis de serem intercambiáveis,
uma vez que é pela língua que o discurso se realiza e que sem o discurso a
língua não passaria de um amontoado de regras não usadas.

Em suma, para tais autores,
é na interação verbal, sócio-histórico e contextualmente situada, que a língua
e o discurso se realizam e tem seu real valor. As diferentes terminologias
dependem do recorte teórico abordado em cada uma das obras dos diferentes autores,
mas sempre convertem para o mesmo ponto: a importância da interação.

A autora salienta ainda que
a diversidade terminológica não se limita às noções de língua e discurso. A
própria idéia de enunciado também pode expressar diferentes conceitos dentro
das diferentes linhas teóricas.

Passando primeiro por uma
breve exposição do conceito de enunciado dentro da lingüística textual e da
semântica argumentativa, Rodrigues afirma que, para Bakhtin, o enunciado é,
dentro das relações dialógicas, a unidade da comunicação discursiva que não
corresponde a nenhum nível do sistema lingüístico.

Dando breves diferenciações
entre enunciado, frase, oração e texto, Rodrigues exemplifica que, na teoria de
Bakhtin, são considerados enunciados os romances, as cartas, as crônicas, as
noticias, as saudações, etc. Todos eles constituídos a partir de outros enunciados
prévios e assimilados pelo locutor para que ele produza seus próprios
enunciados.

Bakhtin também se dedica,
em dois de seus escritos, a diferença entre texto e enunciado. Para ele, assim
como a questão entre língua e discurso, as diferenças entre texto e enunciado
dependem sempre do recorte teórico dado pelo autor, podendo indicar o mesmo
fenômeno ou então noções distintas.

Para o autor, segundo
Rodrigues, o texto pode ser visto como apenas materialidade lingüística, com o
enfoque no sistema da língua utilizada, os elementos passíveis de ser repetidos
e reutilizados, ou então compor um enunciado, apresentando uma função
ideológica em particular, levando sempre em consideração a interação entre os
locutores e também a relação dialógica com outros textos-enunciados.Após
discorre um pouco mais detalhadamente sobre as diferenças entre texto e
enunciado apresentadas por Bakhtin – tanto na concepção dialógica da linguagem
proposta por ele, quanto em outras vertentes teóricas como, por exemplo, a
lingüística estruturalista imperante na época –, Rodrigues ressalta que “cada enunciado constitui um novo acontecimento,
um evento único e irrepetível da comunicação discursiva, pois é ‘a postura
ativa do falante nesse ou naquele campo do objeto do sentido’ (Bakhtin, 2003ª,
p.289)” (Rodrigues, ANO, 159).

Dada sua definição,
Rodrigues fala também do objetivo do enunciado que, ao configurar e estabelecer-se
intrinsecamente dentro e a partir da interação social e verbal, visa sempre uma
“reação-resposta” entre os interlocutores, efetivando assim a comunicação.Ainda na intenção de
especificar ao máximo a definição bakhtiniana de enunciado, Rodrigues busca
sintetizar também a diferença entre enunciado e oração, sendo esta última a
unidade lingüística do sistema estrutural, enquanto o enunciado configura-se,
como já mencionado acima, como unidade de comunicação discursiva.

Para Bakhtin, a oração, em
comparação com o enunciado, não apresenta alternância de falantes, nem contato
direto com a realidade (situação contextual e extraverbal), e muito menos é
capaz de expressa a totalidade de sentido pretendida por seu autor e de forçar
uma resposta adequada no interlocutor, uma vez que a oração não se estabelece
no âmbito da interação, e sim no do sistema lingüístico, estando, por isso,
limitada às fronteiras estruturais e gramaticais.Ao
definir as diferenças entre cada um dos pares acima citados, Rodrigues repete e
reafirma, constantemente, a importância de o enunciado constituir-se no
interior da interação verbal e é único e impossível de ser repetido, apenas
citado, uma vez que o espaço, o momento, a intenção do falante e do ouvinte e
todos os outros fatores contextuais nunca mais se repetirão.



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