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A concepção sócio-retórica de gênero.
(SILVEIRA; M.I.M)

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SILVEIRA, M.I.M. A concepção sócio-retórica de gênero. In: Análise de gênero
textual: concepção sócio-retórica. Alagoas: Edufal, 2005, p. 96-109.



Para fundamentar suas
reflexões a respeito dos gêneros textuais, Bhatia (In SILVEIRA, 1992)
respalda-se primeiramente em Swales ao considerar os aspectos lingüísticos,
sociais, situacionais e contextuais como relevantes para os estudos desse
conceito, utilizando-se para isso principalmente da análise de documentos
públicos, jurídicos e empresariais na busca de responder a recorrente questão “por que um determinado gênero é escrito de
determinada maneira?”.

Contudo, Bathia aponta que o
conceito apresentado por Swales negligencia os aspectos psicológicos, incluindo
os cognitivos, que muito contribui, em sua visão, para a dinamicidade dos
gêneros, uma vez que a cognição está relacionada com os próprios propósitos
comunicativos específicos dos falantes realizados em uma dimensão individual.

O autor coloca que cada
gênero busca estruturar a realidade de uma forma particular e que isso está,
obviamente, relacionado com a maneira como o individuo que produz o texto
relaciona-se com as possibilidades que a língua e o gênero lhe permitem.

Por tratar-se de uma
abordagem multidiciplinar, análise dos gêneros, para Bathia, deve ser uma
aplicação do discurso e trazer contribuições de varias áreas de interesse que
possibilitem uma análise ampla e equilibrada. O autor propõe três orientações
que julga ser de grande valia para a esquematização das análises de gênero:

A primeira privilegia os
aspectos lingüísticos dos gêneros, “a
descrição lingüística de vários textos” (Silveira, p.98), que tratam da
questão do registro, buscando compreender “por
que uma determinada variedade toma a forma que toma em determinados gêneros” (Bathia
apud Silveira, p. 99). Neste âmbito, para o autor convém investigar por que
aqueles traços lingüísticos específicos, em detrimento de tantos outros, são
utilizados para expressar aquela realidade pretendida, e o que a escolha e
utilização (ou não) deles implica no uso social do gênero.

A segunda refere-se aos
aspectos sociológicos que focalizam a “ação social” pretendida pelo gênero, ou
seja, como aquele gênero proporciona e regulamenta a interação social. Para
isso, é necessário levar em consideração “o
contínuo processo de negociação no contexto de questões, tais como os papéis
sociais, propósitos de grupo, preferências profissionais e organizacionais,
pré-requisitos e mesmo restrições culturais” (Bathia apud Silveira, p. 99),
considerando o gênero como ação social efetiva.

A última orientação
proposta pelo autor para a compreensão de gêneros difere, como já mencionado,
das concepções de Swales, uma vez que concebe a natureza psicológica e
psicolingüística como relevante para uma abordagem dos gêneros devido às
escolhas e aos propósitos dos falantes.

Para Bathia os gêneros têm
sim a ver com a estruturação cognitiva que baliza as escolhas estratégicas
individuais feitas pelos autores intencionando deixar seus textos eficazes e
com maiores chances de atingir seus propósitos comunicativos. O autor menciona
ainda que essas estratégias de escolhas – não-discriminatórias – podem variar,
pois não há como definir rigidamente todas as regras de constituição e
funcionamento dos gêneros, a depender das intenções do autor e de seu
repertório de escolhas.

Um exemplo citado pelo
autor são as reportagens jornalísticas que mesmo possuindo as regularidades
específicas do gênero podem variar ”conforme
os efeitos pretendidos e os entoques que os repórteres queiram dar as suas
matérias, imprimeindo, assim, algum grau de interpretação subjetiva ou mesmo
alguns vieses em suas reportagens” (Silveira, p. 101).

Embora haja a possibilidade
de tais escolhas, que tem como objetivo promover a variação na natureza dos
gêneros, Bathia ressalta que os propósitos comunicativos não podem, de certa
maneira, “desrespeitar as restrições e as convenções do gênero”.

Ainda sobre a orientação
psicológica, que consiste na diferença mais significativa entre Bathia e
Swales, é importante ressaltar que o propósito comunicativo está “inevitavelmente refletido na estrutura
cognitiva do gênero que, desse modo, representa as regularidades típicas da
organização dentro dele” (Bathia apud Silveira, p. 102) e também que tais
regularidades são a representação do conhecimento social acumulado e armazenado
cognitivamente não só por um indivíduo, mas pela comunidade discursiva ao qual
ele pertence.

Bathia propõe ainda uma sugestão metodológica
para uma análise mais abrangente dos gêneros que, segundo sua opinião, pode ser
seguida de maneira total ou parcial, de acordo com o interesse de cada um. O
autor elenca os seguintes “passos metodológicos”: colocar o texto-gênero num
contexto situacional; levantar a literatura existente sobre o gênero em questão;
refinar a análise contextual/situacional, levando em consideração as situações histórico-sócio-cultural,
filosófico e ocpacional, além das tradições lingüísticas existentes; selecionar
o corpus do tipo e tamanho certo; estudar o contextual institucional,
considerando a metodologia e outros aspectos convencionais da área estudada;



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