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Atos de fala, gêneros textuais e sistema de atividades - PARTE 2
(bAZERMAN)

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RESUMO: BAZERMAN. Atos de fala,
gêneros textuais e sistema de atividades: como os textos organizam atividades e
pessoas. In: DIONÍSIO; HOFFNAGEL (Org.).
Gêneros textuais, tipificações e interações. São Paulo: Cortez, 2005. PARTE 2 Segundo Bazerman, Searle
deu continuidade aos estudos de Austin ao demonstrar que os atos de fala operam
em três níveis que se distinguem. A saber: ato
locucionário, que diz respeito ao que é realmente
dito, ou seja, o conjunto de palavras expressas e seu significado direto; o ato ilocucionário, que diz respeito às
palavras não ditas explicitamente,
como a ironia, um pedido ou uma ordem indireta, mas que manifestam sua intenção;
e o ato perlocucionário, que se
refere ao modo como as pessoas recebem e reagem aos dois atos anteriores, ou
seja, se, por exemplo, o casamento se concretizou, se a ironia utilizada foi
entendida como brincadeira ou como ofensa, se o pedido ou ordem implícita foi
compreendida, etc.A partir dessa divisão dos
atos de fala, Searle propõe também que não só as intenções, mas também o status das afirmações ou representações
das coisas do mundo é importante. Para o autor, segundo Bazerman, tais atos proposicionais estabelecem uma
relação com as representações que são feitas, de acordo com nossa compreensão
(ato perlocucionário) e intenção.

Isso influencia as
situações definidas pelas pessoas e as atitudes tomadas por elas diante do que
acreditam e compartilham como verdades, ou seja, se os atos de fala foram
utilizados apropriadamente e se seu efeito perlocucionário foi confirmar um
fato social aceito por todos.

Após definir fato social e
atos de fala, Bazerman aborda a tipificação textual e o conceito de gêneros.
Para ele, se existe três níveis de análise possíveis para tudo o que se escreve
ou fala, os três tipos de atos de fala, e também se não podemos controlar
devidamente o ato perlocucionário – que é o efeito criado em nossos
interlocutores –, então quando queremos evitar seremos mal-compreendidos e
assegurar nossa intenção, devemos usar modos
típicos de enunciados.

Um padrão de textos e
enunciados estável e facilmente reconhecido ajuda autor e leitor/ouvinte a
interagirem melhor, evitando problemas de comunicação. Tais textos pertencentes
ao mesmo padrão de atos de fala, tanto (i)locucionários quanto
perlocucionários, usados em situações semelhantes e para fins semelhantes, são
chamados de gêneros.

Bazerman afirma que os
textos escritos de que fazemos uso, ou seja, os gêneros textuais, tipificam as
coisas, as situações e as interações pessoais uma vez e que possuem uma
regularidade, características especiais, formas padronizadas. No entanto, o
autor menciona que tais tipificações dos textos não são estanques, pois as
situações e as circunstâncias determinam, direcionam as ações que ocorrerão
possibilitando as pessoas expressar (em parte) suas características pessoais e
criatividade individual.

Apesar de ligeiramente
diferente do conceito mais difundido de gênero textual, a proposta de Bazerman
é totalmente compatível com a proposição de Bakhtin, uma vez que é nas esferas
sociais, a partir do uso dos textos e da padronização dos enunciados a fim de
assegurar o efeito perlocucionário que as características de cada gênero
textual se consolida.

Contudo, acreditar que os
gêneros são apenas padronizações lingüísticas já predefinidas pela sociedade é
ir contrariamente ao proposto tanto por Bazerman quanto pelo próprio Bakhtin,
ignorando o papel social de cada indivíduo que opta por adotar aquele gênero em questão para fazer uso e tentar
alcançar o efeito perlocucionário pretendido.

Assim os gêneros textuais,
na opinião do autor, não se restringem somente a tipificação do texto. Essa
tipificação “perpassa” as padronizações, uma vez que os humanos fazem uso dos
textos de diferentes formas, com diferentes intenções, e compreensões, ou seja,
os gêneros efetivamente “dão forma às atividades” (p. 31).

Além disso, para Bazerman,
o contexto social e histórico também determina a compreensão dos gêneros e o
uso que fazemos deles. O autor ainda ressalta que as atividades humanas podem
estar ligadas a conjunto de gêneros, ou, de maneira mais ampla a um sistema de
gêneros utilizados pelas pessoas de forma comum e padronizadas e de relações
que se estabelecem no processo de circulação, uso e produção desses documentos.

O que o autor considera
como um conjunto de gêneros é a
coleção de tipos de texto que uma pessoa atuante dentro de um determinado papel
social tende a produzir. Um aluno, por exemplo, escreve diversos tipos de texto
para se comunicar com seus colegas e professores, como bilhetes, anotações,
trabalhos escolares ou provas.

Já o sistema de gêneros inclui os vários conjuntos de gêneros utilizados
por pessoas que convivem na mesma esfera social e mantém relações organizadas e
regulamentadas pelos gêneros produzidos naquele ambiente. O conjunto de gêneros
produzido pelo aluno, ao interagir com o conjunto de gêneros produzidos pelo
professor – aulas expositivas, exercícios, avaliações, correções – e pelos
outros funcionários da escola – boletins, históricos escolares, declarações de
conclusão de curso, etc – formam o sistema de gêneros de uma escola.

É interessante identificar
que o foco principal de Bazerman neste estudo é demonstrar como um sistema de
gêneros determina diretamente um sistema de atividades, uma vez que o que as
pessoas fazem depende muitas vezes de como os textos ajudam as pessoas a
fazê-lo.

-
Questões Metodológicas

O texto de Bazerman é
composto de inúmeros exemplos utilizados para explicar os conceitos por ele
apresentados e propostos, no subtópico de análise não seria diferente. Contudo,
não é interessante para este resumo atermo-nos a todos os exemplos dados, então
serão salientados neste subtópico apenas aqueles que de fato acrescentam novos
conceitos e/ou perspectivas sobre tudo o que já foi discutido até aqui.

Uma interessante questão
colocada por Bazerman é a diferença de se analisar textos orais e escritos.
Enquanto os textos orais são, em geral, mais curtos e diretos, contando ainda
com gestos, expressões e possibilidade de alteração, paráfrase e etc em tempo
real, facilitando a formulação dos atos locucionários e ilocucionários, bem
como a manutenção e do efeito perlocionário; os textos escritos são tipicamente
mais longos e complexos que podem conter vários atos de fala variados e mais
dificilmente controlados.



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